Volume de leite coletado para o Banco de Leite Humano diminuiu quase 50% no início deste ano. Em dezembro de 2011, foram processados pouco mais de 52 litros para atender bebês prematuros em situação de risco.
O montante apresentou queda progressiva nos quatro primeiros meses de 2012, chegando a 19 litros em abril. Conforme balanço do primeiro quadrimestre, a coleta em janeiro foi de quase 35 litros e a distribuição, em torno de 52 litros. Em fevereiro, as doações chegaram perto de 21 litros de leite e 23 litros foram utilizados. Em março, foram processados em torno de 15 litros e a demanda atingiu 18 litros. No mês passado, 19 litros foram doados e quase 17 litros distribuídos. Atualmente, o serviço conta com apenas 24 doadoras.
A gerente do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), Ângela Rocha, frisa que, com o estoque restante do ano passado, ainda não houve falta de leite. Por mês, são atendidas com o leite materno em torno de 30 crianças. “Precisamos de mais doadoras para garantir o abastecimento e continuidade do serviço. O volume de leite já diminuiu drasticamente e, se continuar assim, não teremos como atender todos os bebês”, frisa.
Para se tornar doadora, basta ligar nos telefones 3314-6608 (Caism) e 3333-2600 (Hospital Beneficência Portuguesa) e preencher o formulário. A candidata deve informar sobre o uso de medicamentos, pois alguns são contra-indicados e impedem a doação. As voluntárias não podem fumar nem consumir bebidas alcoólicas. Além disso, é feita coleta de sangue para testagem de HIV, sífilis, hepatite e HTLV 1 e 2. A equipe vai até a casa da candidata para recolher a amostra e encaminhar ao laboratório. Se o resultado for negativo, a mulher está apta a doar e receberá em casa um kit esterilizado, bem como informações para a coleta e armazenamento. O leite é recolhido diariamente pela equipe na residência da doadora.
Por que doar. Segundo o pediatra Luciano Borges Santiago, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, para os bebês, os benefícios do leite materno passam principalmente pela proteção do organismo até a atuação direta em seu desenvolvimento. “O primeiro destaque é a proteção contra infecções, nenhum outro leite protege o bebê. E ele não tem condição de se defender sem o leite materno nos primeiros 2 anos de vida. O crescimento e o desenvolvimento de uma criança que mama no peito é incomparável ao de uma que não mama, já que o leite tem as quantidades certas de nutrientes necessários”, alerta.
Além disso, a chance de a criança desenvolver alergias com a ingestão de leite materno é zero. “Por melhor que seja o leite industrializado, ele pode desenvolver alergias no bebê”, completa o pediatra. O pediatra destaca ainda que a mãe que amamenta seu próprio filho ou doa leite por no mínimo seis meses também tem benefícios. “A mãe tem proteção contra câncer de mama. E quanto mais tempo produzir leite maior a proteção da mama, mas também do ovário, contra diabetes tipo 2 e infarto agudo do miocárdio”, destaca Santiago.