Os avanços científicos e administrativos ocorridos no Sistema Único de Saúde (SUS) permitiram que, na última década, o número de casos de hanseníase no Brasil caísse em torno de 26%. No entanto, ainda há muito por fazer, especialmente em relação ao diagnóstico e à prevenção da doença. Em 27 de janeiro, domingo, é lembrado o Dia Mundial e Nacional de Combate e Prevenção à Hanseníase, mas ainda faltam informações à sociedade sobre a doença, inclusive de que a busca precoce por tratamento pode levar à cura.
No enfrentamento da hanseníase, as equipes de saúde da Família e Comunidade têm importante papel na detecção e no tratamento, pois os profissionais de saúde vão de porta em porta em busca de novos portadores. Mesmo assim, a própria população, ao perceber sinais da doença, pode procurar uma Unidade Básica de Saúde. A referência técnica em hanseníase da Secretaria Municipal de Saúde, Adriana Naves Coelho, explica que a maioria desses diagnósticos é feito em homens já em estado avançado da doença, muitas vezes quando os sinais da hanseníase já aparecem por todo o corpo. “A mulher, quando vê uma mancha na pele, procura logo atendimento, já faz o diagnóstico e em seis meses termina todo o tratamento”, esclarece.
Com isso, Adriana Naves revela que, em Uberaba, o número de diagnósticos pode ser subnotificado. “Quem deveria estar verificando se existe a hanseníase nos bairros são as equipes de Saúde da Família. Há áreas que não têm nenhum paciente, mas não sabemos se realmente não tem ou se as equipes não fazem busca desses pacientes. Por isso, todo ano damos treinamentos para que as equipes se qualifiquem a fazer o diagnóstico mais precoce possível”, frisa.
A referência alerta que, para o diagnóstico precoce, é importante que as pessoas também estejam atentas aos sintomas iniciais da doença. “Mancha esbranquiçada, avermelhada ou amarronzada deve ser o primeiro sinal de atenção. Essa mancha costuma ter perda de sensibilidade tanto ao calor quanto ao frio. Nela há queda de pelo e é um local que não tem suor. Qualquer pessoa que tem alguma mancha com essas características em qualquer parte do corpo deve ser avaliada, procurando uma unidade de saúde próxima à sua residência, o mais rápido possível”, frisa.
Adriana Naves ressalta ainda que não há motivo para haver preconceito contra portadores da doença, pois o tratamento, oferecido gratuitamente pelo Estado, resulta na cura da hanseníase. Não há necessidade de isolar o paciente, mas sim de tratá-lo, realizando também exames anuais por cinco anos. “Se a pessoa tem menos de cinco manchas pelo corpo, o tratamento pode durar até seis meses, e, acima disso, chega a se prolongar por um ano. A transmissão da doença, porém, termina assim que o paciente inicia a terapia”, completa. Vale lembrar que a hanseníase afeta principalmente a pele e os nervos, o que causa limitações de mobilidade em seus portadores. A doença em si não mata, mas suas complicações podem ser letais.