A gota é uma doença caracterizada por um tipo de artrite, que é a inflamação das articulações, ou de reumatismo. Por ser uma doença metabólica, com a presença de altos níveis de ácido úrico no sangue, ela afeta não só as articulações, mas órgãos, como rins. Na maioria dos casos, o primeiro sintoma é uma crise de artrite, acompanhada por fortes dores, inchaço, vermelhidão e calor local, o que dificulta o andar.
O reumatologista Felipe Prata Misiara explica que a gota tem basicamente duas causas. Pode estar relacionada ao uso de medicações, à obesidade e a algumas doenças sanguíneas ou é causada por um problema no metabolismo. “A pessoa produz muito ácido úrico ou a excreção pelo rim é baixa”, revela. Misiara afirma que a incidência da gota é bem maior em homens, atingidos em mais de 90% dos casos, do que em mulheres e explica que fatores genéticos e hormonais seriam o motivo. No entanto, a menopausa é fator de risco para o desenvolvimento da doença em mulheres a partir dos 40 ou 45 anos de idade.
O especialista ressalta que a doença aparece principalmente no dedão do pé, peito do pé, tornozelo, joelhos, atacando, inicialmente, uma articulação de cada vez, e depois é marcada por crises. “Sem tratamento, as crises vão ficando cada vez mais frequentes e cada vez mais fortes, podendo surgir então em várias articulações, em cotovelos, ombros, mãos. Nessa fase, podem aparecer os chamados tofos, que são nódulos ou caroços não dolorosos, mas que podem infeccionar”, explica. O reumatologista frisa que nesse momento pode surgir, ainda, a lesão renal, às vezes irreversível, com a necessidade de diálise.
Diferente da crença geral, o excesso do ácido não descama mãos e pés, como também não aumenta com a ingestão de frutas cítricas. Ele explica que o erro mais comum é acreditar que somente a alimentação trata o problema. “O tratamento é feito com medicações, dependendo da causa e do estado clínico, e não deve ser feito apenas em época de crise. O perigo é a pessoa deixar a doença sem tratamento e anos depois precisar fazer diálise, devido a uma lesão irreversível no rim, que se manifesta de forma silenciosa”, alerta. Felipe Prata Misiara destaca que a bebida alcoólica é a verdadeira vilã, principalmente cerveja e vinhos, porque aumentam a concentração de ácido úrico no sangue. A recomendação é manter o consumo moderado após o tratamento.