Uma equipe de pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) desvendou a estrutura completa do vírus Mayaro, uma doença endêmica transmitida por mosquito e com sintomas muito parecidos com os da Chikungunya. As pessoas infectadas sentem dores nas articulações que podem durar meses. Através das pesquisas foram descritas características inéditas e fundamentais do vírus. Essa é a primeira vez que uma estrutura viral é completamente elucidada no Brasil e na América Latina.
A semelhança com o vírus da Chikungunya era um dos fatores que dificultavam o planejamento de estratégias de controle da doença. Esse vírus já é considerado endêmico na região Amazônica e também há indícios de que pode ter se espalhado para outros locais, como o estado do Rio de Janeiro.
Os cientistas envolvidos no estudo são do Laboratório Nacional da Biociências (LNBio) e do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), ambos do CNPEM. O trabalho revelou detalhes inéditos da estrutura do vírus, com resolução de 4.4 angstrom, ou seja, aproximadamente 100 mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo. A pesquisa contou com a participação de 20 pesquisadores e durou cerca de três anos e meio. Segundo os pesquisadores, o trabalho descreve a partícula infecciosa do vírus Mayaro, incluindo todas as proteínas que o compõem.
Também, foram usadas técnicas que permitiram observar detalhes da biologia do vírus que não tinham sido descritos em outros trabalhos, e que representam um avanço nas capacidades de combate e entendimento da doença. Para isso, os pesquisadores vão utilizar o Sirius, uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo. Esta tecnologia foi projetada e construída por cientistas do CNPEM, para realizar experimentos que podem ajudar no avanço de pesquisas sobre o mecanismo de infecção, não só da Febre do Mayaro como de outras doenças virais que atingem a população brasileira. Além disso, será possível estudar novas terapias e desenvolver estratégias para diagnóstico.
*Informações UOL