Apesar do aumento da procura por atendimento no mês do outubro ser bem vindo, mastologista reforça a importância do exame durante o ano todo
Chega a 70% o aumento na procura por mastologistas durante a campanha do Outubro Rosa, que aborda o combate ao câncer de mama. A informação é do médico especialista Leandro De Vito, em entrevista à Rádio JM. No entanto, o mastologista reforça: o combate precisa ser lembrado durante o ano todo, não apenas em outubro.
Segundo De Vito, as campanhas cumprem bem o papel, principalmente, levando em consideração a diminuição na procura pela prevenção e detecção da doença durante os anos de pandemia. “Infelizmente, nos últimos anos, com a questão da Covid, a gente teve uma perda realmente irreparável. Vai demorar alguns anos para a gente recuperar tudo isso, mas essas campanhas são sensacionais”, afirma.
No entanto, o mastologista não deixa de ressaltar, a necessidade de se atentar aos sintomas nos outros meses do ano. “[É preciso] Começar a divulgar que, todos os meses são meses de prevenção, acompanhamentos. A minha ideia, é que toda mulher escolha um mês, que seja no seu aniversário, nas suas férias, depois ou antes das férias, não só em outubro. Outubro deixa para a gente falar um pouco mais, trazer a experiência, fazer um balanço do que a gente fez, o que não fez, do que precisa ser feito nos próximos meses”, explica.
O médico ainda contou o motivo do autoexame ser tão fortemente desaconselhado atualmente, quando anos atrás era alvo de campanhas em diversas mídias. “Naquela época [década de 90 a 2000], se você pensar na quantidade de mamógrafos, a quantidade de acesso à saúde era muito pequena. Nosso país tem dimensões gigantescas. Como você vai colocar um mamógrafo lá para as índias da Amazônia, para o sertão do Nordeste e ter acesso a isso? A primeira coisa que se pensou é: mostrar para a mulher que ela precisa se conhecer, que ela precisa se tocar e o autoexame foi uma ferramenta muito importante naquele momento, com esse sentido”, analisa.
Atualmente, Leandro afirma, que o autoexame é essencial para o autoconhecimento da mulher, além de ser um aliado nos locais que ainda têm dificuldade de acesso à saúde pública. Porém, é importante disseminar a ideia dos exames de mamografia regulares, para que possíveis tumores possam ser identificados ainda no início, quando não são palpáveis nem pelas pacientes, nem pelos médicos.
E a vacina?. A cura contra o câncer é algo discutido há décadas. Com o avanço da tecnologia, cientistas anunciam a cada ano, perspectivas animadoras, porém, ainda distantes. Isto até outubro deste ano. Os fundadores da companhia alemã BioNTech, uma das empresas que desenvolvem vacinas contra a Covid-19, afirmaram que as vacinas contra o câncer podem chegar à população mundial antes do fim de 2030, com o uso da tecnologia de mRNA, assim como já são feitas algumas vacinas contra o coronavírus.
No entanto, a saída não é muito bem o que parece. Segundo De Vito, o grande problema, é que o câncer de mama é multifatorial. “Ele não depende só da genética, depende do estilo de vida, do que a gente vive, como a gente come. E ele também tem várias formas de apresentação. Você pode ter uma vacina, uma fórmula eficiente para determinado tipo de câncer, que seja mais comum. Mas, para todos, a gente ainda está um pouco longe”, finaliza.