Jairo Chagas
Ginecologista Daniela Diniz explica que nem sempre o tratamento do câncer de colo de útero exige cirurgia para sua retirada
Recentemente, fomos surpreendidos pelo anúncio de Fátima Bernardes, que recebeu diagnóstico de câncer de útero. A doença é o terceiro tipo de tumor maligno mais frequente em mulheres, atrás apenas do de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte por câncer entre a população feminina no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Segundo a ginecologista Daniela Diniz, o câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos oncogênicos do Papilomavírus Humano – HPV. “As alterações celulares causadas pelo HPV são facilmente descobertas no exame preventivo (Papanicolau), por isso este exame feito de forma periódica é tão importante”, explica.
A prevenção é sempre melhor que o remédio e, por isso, hábitos saudáveis ajudam bastante, mas outros cuidados devem ser observados. “O risco do desenvolvimento do câncer do colo do útero está ligado aos principais fatores de risc início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros, tabagismo (fumo) e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais”, alerta a ginecologista. Além disso, Daniela Diniz afirma que a prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo Papilomavírus Humano (HPV), por isso, o uso de preservativos (camisinha masculina ou feminina) é importante, apesar de proteger parcialmente.
“A vacinação contra HPV deve ser realizada tanto para meninas quanto meninos. A vacina protege contra os principais tipos do HPV, dentre eles: 6, 11, 16 e 18. Desde 2017, esta vacina foi disponibilizada pelo Ministério da Saúde para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos”, diz Daniela Diniz, acrescentando que o exame preventivo deve ser realizado periodicamente, mesmo em pacientes vacinadas.
Vale lembrar que a detecção precoce do câncer é uma estratégia que aumenta a possibilidade de sucesso do tratamento. “Segundo o Ministério da Saúde e Inca, toda mulher que tem ou já teve vida sexual e que está entre 25 e 64 anos de idade deve realizar o exame Papanicolau”, aconselha.
Ao contrário do que muitos acreditam, o tratamento não envolve necessariamente a retirada do útero. “O tipo de tratamento dependerá do estadiamento (estágio de evolução) da doença, podendo ser cirúrgico, quimioterapia, radioterapia, ou uma combinação destes tratamentos. No caso do câncer do colo do útero, quando se identifica lesões precursoras, as mesmas poderão ser tratadas a nível ambulatorial, com eletrocirurgia”, finaliza Daniela Diniz.