Neste período do ano é comum consultórios receberem grande número de pessoas com conjuntivite, que pode durar entre sete dias e um mês. Em todo o mundo, os casos da inflamação aumentaram 15% nos últimos dois meses, em comparação ao mesmo período de 2009. Essa situação ocorre porque no inverno os olhos ficam mais vulneráveis ao tempo seco.
O oftalmologista Joaquim Pereira Paes explica que a conjuntivite é um processo inflamatório e infeccioso da película fina que cobre a parte branca do olho e as pálpebras. “Ela pode ser de várias naturezas, desde infecciosas, como virais, bacterianas, fúngicas (fungos) e por protozoários, até químicas e alérgicas”.
Ainda de acordo com o oftalmologista, todos estão sujeitos a enfrentar a conjuntivite, mas os grupos de maior risco são pessoas que trabalham com público, que compartilham computadores e outros equipamentos, e idosos que produzem menos lágrima. “Locais fechados também favorecem a disseminação da doença. É importante frisar que pessoas com conjuntivite, de natureza infecciosa, devem afastar-se de sua rotina de trabalho para não infectarem outras pessoas”, completa.
Por isso, é fundamental procurar um especialista ao sentir vermelhidão ocular, inchaço das pálpebras, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento, com sensação de lágrima quente, ardor, coceira, íngua próximo à orelha, secreção purulenta e baixa de visão. Também segundo Joaquim Pereira, o tratamento é diferente para adultos e crianças, e depende do tipo de conjuntivite. “Não adianta usar determinado colírio específico para conjuntivite bacteriana em conjuntivite viral ou alérgica. Não resolve. E o colírio usado de forma inadequada pode gerar complicações”, alerta.
O especialista alerta ainda que é comum as pessoas procurarem o atendimento do balconista da farmácia para saber qual colírio usar ao invés de procurar orientação de um oftalmologista. Com crianças o caso é mais sério. “Determinados colírios podem levar à glaucoma e catarata”, revela Joaquim Pereira.
As principais dicas para proteger os olhos no inverno, de acordo com o oftalmologista, vão desde lavar as mãos até evitar levá-las aos olhos. “Limpar os olhos contaminados com lenços descartáveis e não usar a mesma toalha de rosto, também são aconselháveis. Em locais onde a pessoa contaminada colocou a mão é fundamental limpar com álcool. E, caso estejam com conjuntivite, usuários devem evitar o uso de lente de contato e descartar as lentes que estavam usando para que não haja novo contágio”, destaca.
Complicações. Nessa época do ano são comuns as conjuntivites alérgicas, que podem causar astigmatismo ou levar à formação de úlceras de córnea devido à coceira. “As conjuntivites epidêmicas, que levam à formação de uma membrana em forma de secreção grossa que não sai do olho com limpeza, precisa ser retirada no consultório com raspagem. Se não for retirada, gera úlceras e, possivelmente, perfuração do olho, além da formação de cicatrizes que reduzem a visão”, afirma Joaquim Pereira.