Existem em torno de 4.700 substâncias tóxicas diferentes, prejudiciais à saúde e que provocam o vício, encontradas na fumaça do cigarro
Thassiana Macedo
Délcio Scandiuzzi: reeducar a população para evitar o vício de fumar é a principal medida contra a mortalidade
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em torno de 1,2 bilhão de pessoas são fumantes. E o total de mortes em razão do consumo de cigarros quase atinge a cifra de 6 milhões por ano, o que corresponde a mais de 16 mil mortes por dia. No Brasil, o número também é alarmante, pois cerca de
200 mil pessoas morrem em decorrência do vício. Isso porque, o consumo de derivados do tabaco está relacionado a 90% dos casos diagnosticados de câncer de pulmão do país, além de ser fator de risco para 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer, como de boca, laringe, faringe, esôfago, entre outros.
Em função dessa realidade, o Hospital Dr. Hélio Angotti vem utilizando as redes sociais e outros meios para divulgar os prejuízos provocados pelo tabagismo e desestimular o hábito de fumar. Atualmente, as doenças do cigarro consomem cerca de
R$ 22 bilhões por ano no Brasil, o que corresponde a nada menos que 30% do orçamento do Ministério da Saúde. Somente em 2010, o hábito provocou 27.630 novos casos de câncer de pulmão, sendo 17.800 entre homens e 9.830 entre mulheres. O oncologista Délcio Scandiuzzi defende que essa campanha deve ser contínua. “O melhor é sempre educar a população para evitar o início do vício de fumar. Outra ação importante é propiciar atenção àquelas pessoas já dominadas pela nicotina, dando a estas a chance de se livrarem desse vício tão maligno”, acrescenta o médico.
Visando a estimular essa reeducação, o oncologista recomenda e auxilia pacientes nestas condições, a busca por grupos multiprofissionais de saúde treinados para acompanhar as pessoas interessadas em parar de fumar, disponíveis na rede municipal de saúde. Há distribuição de medicamentos e planejamento para auxiliar os ex-fumantes, prevenindo-os da tentação de voltar a fumar. “Quem deseja parar de fumar precisa, primeiro, tomar esta decisão.
O cigarro proporciona a falsa sensação de paz, até serve de companhia, mas cobra muito caro por isso. Cobra vários anos da vida do fumante”, alerta o presidente do Hospital Dr. Hélio Angotti.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o cigarro está relacionado a pelo menos 12 tipos de cânceres, entre eles leucemia mieloide aguda, câncer de bexiga, de pâncreas, de fígado, do colo do útero, de esôfago, nos rins, de laringe (cordas vocais), de pulmão, na cavidade oral (boca), de faringe (pescoço) e de estômago. Além disso, o vício esteve relacionado a 29% das mortes por doenças cardiovasculares em 2007.
Délcio Scandiuzzi ressalta que cada pessoa pode desenvolver um nível diferente de dependência. “Alguns conseguem parar rapidamente por ter dependência menor. Outras pessoas têm essa dependência muito forte, portanto encontram mais dificuldade para abandonar o vício. Isso não é falta de vergonha, como muitos dizem. A nicotina é a substância que mais se prende ao cérebro”, completa. Ou seja, deixar o cigarro exige muito mais do que a luta contra um modismo, pois o usuário necessita também de tratamento contra a conexão física com as mais de 4.700 substâncias tóxicas diferentes, prejudiciais à saúde e que provocam o vício, encontradas na fumaça do cigarro.