A cleptomania é um distúrbio psicopatológico que faz pessoas roubarem coisas, inclusive sem valor, para suprir ansiedades. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), somente 5% das pessoas que cometem furtos apresentam o problema, enquanto que entre a população em geral o distúrbio atinge em torno de seis pessoas em cada mil. No entanto, estudos nacionais apontam incidência de até 8% em pacientes psiquiátricos.
De acordo com o psiquiatra Marcelo Bilharinho, cleptomania ou furto compulsivo caracteriza-se por um fracasso recorrente em resistir aos impulsos de roubar objetos que não são necessários para o uso pessoal ou por seu valor monetário. “Ocorre um sentimento aumentado de tensão imediatamente antes da realização do ato do furto e satisfação, prazer ou alívio no momento de cometer o furto. Diferente do ladrão, o indivíduo acometido por esse transtorno não furta objetos para o uso pessoal ou ganho monetário”, afirma. O médico destaca que estudos sugerem uma incidência aumentada de depressão, transtornos de ansiedade, transtornos alimentares e transtornos de personalidade em indivíduos com cleptomania.
O especialista explica que é possível tratar esse comportamento. Para isso, as pessoas devem ser encaminhadas para avaliação e acompanhamento médico e psicológico. “Não se conhece causa definida. Existem, porém, estudos ligando a cleptomania a um histórico de infância disfuncional. No campo neuroquímico, estudos têm levado à hipótese de alterações em neurotransmissores, principalmente a serotonina. Em geral, o início se dá no final da adolescência, continuando por muitos anos”, frisa o psiquiatra.
Bilharinho esclarece que o tratamento deve ser conduzido por psiquiatra e psicólogo e recomenda a associação de psicoterapia e tratamento farmacológico. “Terapias psicanalítica, psicodinâmica e cognitivo-comportamental têm sido benéficas para tratar a cleptomania. E vários tipos de medicamentos têm bons resultados, principalmente antidepressivos, estabilizadores de humor, psicoestimulantes, isolados ou em combinação”, ressalta o médico, dizendo que o tratamento é complexo, mas em muitos casos há possibilidade de controle parcial dos sintomas e cura em cerca de 20% dos casos.