No Brasil a catarata, opacificação do cristalino, cresce mais que a população acima de 60 anos, apesar de a doença estar relacionada ao envelhecimento. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, um dos fatores que contribuem com esse crescimento é o alto consumo de sal. Só para se ter uma ideia, um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o brasileiro continua consumindo mais sal do que o recomendado, mesmo depois da recente redução do sódio em alguns alimentos industrializados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 5 gramas de sal/dia, mas no Brasil, em média, o consumo diário é mais que o dobro, 12 gramas. Segundo Queiroz Neto, além do aparecimento precoce da catarata, o hábito pode provocar lesões na retina.
“O sal regula os fluidos e substâncias extracelulares no nosso organismo”, explica. O consumo abusivo pode antecipar a formação da catarata por dificultar a manutenção da pressão osmótica entre as células do cristalino e forma depósitos que o tornam opaco.
O especialista diz que o brasileiro não leva a sério a influência dos hábitos sobre a saúde ocular porque os efeitos não são imediatos. Prova disso é uma pesquisa desenvolvida pelo médico com mil pessoas sobre a proteção solar. O estudo mostra que menos de 1% protege os olhos do sol nas atividades externas e só 40% dos óculos escuros usados têm lentes que bloqueiam a radiação ultravioleta. Além de controlar o sal na alimentação, o oftalmologista diz que, para prevenir a catarata, é importante usar lentes com proteção ultravioleta nas atividades ao ar livre, mesmo durante o inverno e nos dias nublados. “Lentes escuras sem proteção são piores do que não usar nada, porque permitem a maior penetração da radiação nos olhos”, afirma.
Hipertensão pode afetar a retina. Queiroz Neto afirma que as alterações vasculares na retina relacionadas ao alto consumo de sal são decorrentes da hipertensão arterial. “No início a alteração é imperceptível porque é caracterizada pela arteriosclerose, ou seja, degeneração e estreitamento das artérias no fundo do olho”, comenta, acrescentando que o problema é a falta de controle da hipertensão arterial.