Para as atividades comuns do dia a dia, como estudar, escrever, alimentar-se, entre outros, recebemos inúmeras informações dos sentidos: tato, olfato, visão, audição e paladar. Utilizados pelo cérebro de maneira correta, os sentidos servem para organizar o comportamento e promover a aprendizagem. No entanto, os seres humanos possuem outros órgãos que oferecem sentidos, além dos cinco mais conhecidos.
A terapeuta ocupacional Lígia Barbosa de Oliveira, especialista no Método de Integração Sensorial, revela que existem também os sentidos proprioceptivo e vestibular. Ela explica que a propriocepção é a capacidade de reconhecer a localização espacial do próprio corpo, é a percepção da posição, do deslocamento, do equilíbrio, do peso e da distribuição do próprio corpo. “Com ela podemos andar, segurar e manipular objetos e coordenar movimentos.
O sentido vestibular tem seus receptores localizados no ouvido e são sensíveis às alterações angulares da cabeça. Também é graças ao sistema vestibular que conseguimos coordenar movimentos dos dois lados do corpo em conjunto, como andar de bicicleta e cortar com uma tesoura”, esclarece.
A especialista destaca que os sete sentidos fornecem estímulos que são interpretados, processados e organizados para a formação do comportamento e da aprendizagem através da integração sensorial. “Quando isso não ocorre da maneira esperada, a criança pode apresentar respostas inadequadas aos estímulos desenvolvendo a Disfunção de Integração Sensorial. O problema pode estar presente em atrasos do desenvolvimento neuropsicomotor, problemas de atenção e comportamento, distúrbios de aprendizagem, Transtornos de Atenção e Hiperatividade (TDAH), síndromes genéticas, prematuridade, deficiência mental, física ou sensorial, podendo afetar o desempenho escolar e todo o processo de aprendizagem. Como consequência, a criança ou adolescente poderá apresentar problemas em sua autoestima, dificuldade de se socializar, desvios de comportamento, isolamento e retração”, afirma.
Sinais do distúrbio
A fisioterapeuta Patrícia de Fátima Silva destaca alguns dos sinais que, quando aparecem associados, sugerem Disfunção de Integração Sensorial:
• aversão a atividades com água, como tomar banho ou lavar rosto e mãos;
• aversão a determinadas texturas de alimentos e seleção na alimentação;
• aborrecimento ao realizar atividades de colagem, argila, massinha e tintas;
• dificuldade de manipulação de objetos, na coordenação da escrita, no traçado das letras, na junção das sílabas e na coordenação motora;
• dificuldade em correr, pular e saltar ou brincar sozinhas, pois têm limitações em explorar brinquedos e brincadeiras;
• dificuldade de aprendizagem, linguagem infantilizada e escrita imatura, bem como de regular os ciclos de sono;
• crianças que mordem ou gostam de ser mordidas, ou que tocam tudo que encontram pela frente, passando a mão por corredores, paredes e todas as superfícies quando se locomovem;
• atraso no desenvolvimento sem comprometimento neurológico aparente;
• crianças que detestam brincadeiras de movimento ou parquinhos;
• dificuldade em determinar a mão dominante. São crianças que trocam a dominância de acordo com a localização do objeto a ser manipulado;
• crianças que não suportam ser abraçadas ou contidas e apresentam choro excessivo ao ser movimentadas ou carregadas no colo;
• invenção de sons na fala ou de letras na escrita;
• dificuldade em manter a atenção sem que estejam se movimentando; são crianças que não conseguem permanecer sentadas;
• crianças ou adolescentes com autoestima baixa ou que se frustram facilmente.