Em janeiro deste ano, o Governo Federal criou medidas mais eficientes para o cumprimento da Lei 10.246/01, que dita sobre as internações compulsórias e involuntárias. O assunto se tornou motivo de discussão entre especialistas e leigos. Até que ponto forçar um dependente químico a uma internação é eficiente?
De acordo com a psicóloga Adaceli Ferreira Andrade Cunha, especialista na área, a internação deve ser tratada de forma mais ampla. Ela não deve ser utilizada somente para deixar o dependente confinado, longe da droga. É necessário que um tratamento seja feito por equipe multidisciplinar, trabalhando a parte física e também a psicológica do paciente, que deve ter acompanhamento por mais seis anos depois de finalizada a terapia clínica.
Adaceli atenta, ainda, que mais do que a vontade da sobriedade, ou seja, estar sem fazer uso da droga, é preciso atentar para as mudanças de comportamento na reinserção social. “Tem que se afastar do que levou à busca das drogas e ter novos horizontes. Normalmente, o que arrasta ao uso e posteriormente à dependência é a falta de objetivo de vida, a curiosidade, a não base familiar e também espiritual”.
Segundo a psicóloga, 60% dos casos teve a maconha como porta de entrada. Relatos de usuários e estudos mostram que, por proporcionar efeito de relaxamento, abaixar o nível de ansiedade, traz a reincidência da erva. Porém, é preciso alertar que, além da questão psíquica, as substâncias tóxicas misturadas levam a lesões dos órgãos. “Não é porque é natural que não faz mal. Existem diversas plantas à disposição que são venenosas. Existem muitas plantas alucinógenas”.
Outro alerta é quanto à precocidade. Cada vez mais cedo crianças e adolescentes começam a fazer uso de tabaco e álcool, grande fator que leva à procura de outras dependências. “Os pais devem estar atentos. Se por acaso achou uma substância na residência, por exemplo, não tenha medo de colocar as cartas na mesa. Não se iluda com respostas clássicas. Se está levando para casa, é sinal de que já é algo mais grave, de tempos”, orienta a psicóloga, acrescentando que “não existe a pior droga, todas são destrutivas”.