A morte do ator Tarcísio Meira, 85 anos, pela a Covid-19, abalou todo o país na última semana. Além da tristeza pela perda do talento e irreverência de Tarcísio, o fato de que ele já estava vacinado jogou um balde de água fria na cabeça de algumas pessoas. Com isto, alguns levantaram dúvidas com relação a eficácia da imunização contra a Covid-19.
Em entrevista à Rádio JM, a infectologista Cristina Barata voltou a reforçar que a imunização é sim muito necessária, porém, sozinha não consegue impedir a infecção pela doença. “Infelizmente, as pessoas precisam entender que as vacinas não funcionam, não protegem 100%. Então se protege 90, 80%, as pessoas continuam sob risco. Ainda mais pessoas idosas, que têm mais dificuldades de fazer a produção de anticorpos de maneira adequada, aumenta mais o risco. Por isso, mais uma vez a gente reforça, não são só as vacinas que vão proteger”, afirma.
A infectologista pontua que as medidas de prevenção auxiliam na imunização. Inclusive, Cristina cita que estudos do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) mostram que nos Estados Unidos, das pessoas que foram a óbito nos últimos 30 dias, 90% eram pessoas não vacinadas. Os outros, 4% eram pessoas com uma dose e os demais com dose completa.
Ainda não há uma previsão de como o vírus irá se comportar após a imunização completa da população. “A gente ainda conhece pouco sobre a dinâmica desse vírus. O que a gente sabe em relação, aos vírus das outras vezes que houveram esses quadros, eles sumiram naturalmente. A gente sabe que quanto mais gente tiver sido exposta de alguma maneira, porque foram vacinados ou porque tiveram [a doença], a gente sabe que vão ser menos riscos para adquirir. Agora, a dinâmica de sumir o vírus e ele não mais retornar ou permanecer, ainda é uma incógnita. A gente tem se baseado muito no perfil do H1N1, mas a gente não sabe se o vírus vai comportar dessa maneira”, ressalta Barata.
Após um período de queda no Brasil como um todo e agora uma crescente nos casos, a previsão é que, no mínimo, até o fim do ano ainda seja necessário permanecer com todas as medidas de distanciamento. “Olha, o que a gente tem visto é que a transmissão ainda está alta, não dá segurança para fazer essa expectativa de festas no final do ano. Mas, nós ainda temos um período de 3 a 4 meses para ver o comportamento da epidemia”, finaliza a especialista.