No Brasil, não existem estatísticas, mas nos Estados Unidos uma em cada 68 pessoas tem autismo, segundo pesquisa feita em 2014 pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças
O Dia Mundial da Conscientização pelo Autismo foi definido pela ONU como 2 de abril e essa data serve para chamar a atenção de autoridades governamentais, mídia e população para o tema ainda não compreendido. Autismo é uma desordem neurológica que compromete o desenvolvimento típico do indivíduo. A criança nasce com autismo ou pode desenvolvê-lo até os primeiros dois anos de vida. Isso significa que ninguém está livre de desenvolver autismo ou ter alguém na família com a desordem.
Em Uberaba, as irmãs Karla Coelho e Luiza Coelho criaram o blog Estou Autista (www.estouautista.com.br), em que contam as experiências do irmão caçula, Luiz Júnior. Por ser autista, o menino motivou a família a estudar sobre a desordem e ganhou o empenho de todos para que tivesse qualidade de vida. Hoje, prestes a completar 15 anos – no dia 30 de maio –, Luiz Júnior dá exemplos de que pessoas com a síndrome podem levar uma vida normal quando recebem o diagnóstico precoce.
De acordo com Karla, a síndrome acomete quatro vezes mais meninos que meninas. “No Brasil, não existem estatísticas, mas nos Estados Unidos uma em cada 68 pessoas tem autismo. A pesquisa foi feita em 2014 com crianças de 8 anos pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças. O autismo afeta cada criança de forma única. Os sintomas variam de muito leves a muito severos, com comprometimento na socialização, comunicação, retardo mental severo à inteligência normal, ou habilidades muito acima do normal em certas áreas”, destaca.
De acordo com a neuropediatra Niura de Moura Ribeiro Padula, o tipo de diagnóstico da síndrome realizado hoje no Brasil ainda é difícil e muitas vezes malfeito. “Algumas vezes, não há diagnóstico, e em outros casos, o diagnóstico é feito erroneamente, porque o autismo ou o comportamento autista existe em várias outras doenças que não são o autismo puro. Existem erros de metabolismo, existe a síndrome de Rett nas meninas, que levam a um comportamento autista. Entender o que é esse comportamento e como lidar com ele na sociedade é de extrema importância. Com diagnóstico precoce, essas crianças recebem cuidados”, afirma.
Niura de Moura ressalta que o autismo não tem cura, mas o desenvolvimento dos pacientes pode ser estimulado, além do uso de medicação. A médica destaca que os comportamentos “estranhos” geram na sociedade uma reflexão com estranheza, que piora os ditos comportamentos, o que acontece no caso do autismo.
Não há dados sobre o número de casos em Uberaba e os autistas são tratados no CAPS ou na Apae, o que, segundo Karla Coelho, não é o ideal. “É necessária a criação de um centro específico para autistas na região, pois o autismo é uma síndrome sistêmica e precisa de uma junta de profissionais para tratá-lo conforme suas necessidades. Fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista e médico, entre outros profissionais devem trabalhar juntos de maneira estruturada. E ainda devem se comunicar sempre com os familiares e profissionais da escola na qual ele está inserido.