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Quanto mais precoce forem feitos o diagnóstico e a habilitação auditiva, maiores as chances de desenvolvimento da linguagem oral
Os primeiros anos de vida do indivíduo correspondem ao período mais importante para a aquisição e o desenvolvimento da linguagem oral. Por isso, qualquer deficiência auditiva gera obstáculos nesse processo, impossibilitando o desenvolvimento da fala e, consequentemente, da linguagem oral pela falta de estímulo auditivo.
Desta forma, para o otorrinolaringologista Marcelo Miguel Hueb, quanto mais precoce forem feitos o diagnóstico e a habilitação auditiva, maiores as chances de desenvolvimento da linguagem oral. “A habilitação auditiva significa oferecer métodos para possibilitar a audição a quem não tem esse sentido desenvolvido adequadamente, enquanto a reabilitação auditiva é o tratamento para devolver e recuperar esse sentido a quem o tinha, mas o perdeu. Caso a privação auditiva seja prolongada, a comunicação se desenvolve através de outros mecanismos e a fala não se desenvolve, com todas as suas consequências psicossociais”, explica.
No entanto, o especialista alerta que a indicação do implante coclear deve ser feita com muito cuidado, em virtude da possibilidade do desenvolvimento pleno das vias auditivas se desenvolver mais lentamente em alguns recém-nascidos. “Isto ocorre especialmente em prematuros ou desnutridos, ou como resultado de gravidez de risco. Em razão disso, exames sequenciais devem ser feitos para detectar alguma resposta auditiva e, se até os 12 meses de vida isso não ocorrer, indica-se com segurança o procedimento”, esclarece o otorrino.
Hueb informa que, caso a surdez da criança seja consequente de processos infecciosos, como a meningite, por exemplo, o implante deve ser realizado o mais rápido possível, independentemente da idade. “Isto porque a ossificação que ocorre na cóclea em virtude da doença, dificulta muito a inserção do feixe de eletrodos. Crianças que foram operadas antes de 12 meses de idade atingiram a fala apropriada para a fase aos 2 anos, ou seja, recuperaram o atraso em apenas 1 ano. Por outro lado, se o procedimento é feito após os primeiros 12 meses de vida, este desenvolvimento adequado à idade geralmente ocorre aos 40 meses de vida”, completa o especialista. (TM)