A valorização cultural da magreza e a pressão exercida pela sociedade, através da mídia, exibindo imagens de mulheres grávidas magérrimas e geralmente famosas, têm contribuído para o início dos quadros de pregorexia, um novo comportamento alimentar cada vez mais comum entre as brasileiras, segundo a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). O termo “pregorexia” vem do inglês e deriva da mistura das palavras “pregnancy”, que significa gravidez, e “orexia”, que significa apetite e que é marcada pela diminuição radical de calorias da dieta associada à realização intensa de atividades físicas, com objetivo de controlar o peso durante a gravidez. O problema é causado por múltiplos fatores – genéticos, biológicos, psicológicos e familiares – e pode levar ao desenvolvimento de um transtorno alimentar grave, como anorexia ou bulimia nervosa. De acordo com a nutricionista Kézia Mendes Prata, esse comportamento pode prejudicar, e muito, a saúde da mãe e do bebê. “Nesta fase a mulher geralmente se sente mais gordinha, as roupas não servem, mas é normal, e a mulher tem que saber levar a situação, tentando apenas manter o peso próximo do ideal para o porte físico que ela já tem, uma vez que o excesso de peso na gestação é muito ruim”, revela a especialista. Mas o baixo peso também é arriscado para quem está enfrentando uma gravidez. “A gestação é um período em que a necessidade nutricional aumenta muito e a quantidade de nutrientes ingerida tem que ser superior, para suprir as necessidades da mãe e do bebê. Então, se a mãe não se alimenta bem, haverá deficiência para ambos, o que pode se refletir especialmente na criança quando ela for crescendo, com o aparecimento de doenças”, alerta. Para Kézia, esta não é a hora de fazer dieta. “É hora de cuidar do filho. A mãe tem que estar consciente de que é preciso pensar no bem e no desenvolvimento do bebê. Depois que ele nascer, é outra fase”, frisa. Já o período de amamentação também é importante. “A amamentação é um período em que a mulher perde peso de forma muito rápida. Ela gasta calorias enquanto amamenta, mas a alimentação é fundamental até mesmo para evitar cólicas no bebê, por exemplo, porque tudo que a mãe ingere passa para o bebê, através do leite”, afirma. Por isso, a nutricionista fala sobre o cuidado com os mitos. “Alimentos muito condimentados e apimentados não são indicados, bem como a cerveja preta, que dizem contribuir para o aumento da produção do leite. Ela contém álcool, sendo prejudicial ao desenvolvimento do bebê”, explica.