A ocorrência da dor constante também varia de acordo com a ocupação das pessoas. Segundo a pesquisa, o problema atinge mais os aposentados (36%) e os autônomos (35,7%)
As dores crônicas afligem quase um terço da população da capital paulista. Segundo o Estudo Epidemiológico da Dor no município de São Paulo (Epidor), o mal é mais frequente entre as pessoas com menor escolaridade. O trabalho foi realizado pelo Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e patrocinado por um laboratório farmacêutico privado. A coordenadora do estudo, Maria do Rosário Latorre, aponta as condições de vida, o tipo de ocupação e a facilidade do acesso ao atendimento médico como as prováveis causas da associação entre a escolaridade e a ocorrência de dor crônica. “São trabalhos que exigem algum esforço físico, ou estar exposto a alguma substância que dá dor de cabeça. Além disso, as pessoas com baixa escolaridade, geralmente, moram nesses bairros periféricos, pegam ônibus lotados e enfrentam muito mais problemas do que as que têm carro próprio.” De acordo com a pesquisa, a dor crônica atinge 28,1% dos 2.446 entrevistados para o estudo. O percentual aumenta para 33,7% entre os analfabetos e cai para 23,5% no grupo com 15 ou mais anos de estudo. A ocorrência da dor constante também varia de acordo com a ocupação das pessoas. Segundo a pesquisa, o problema atinge mais os aposentados (36%), os autônomos (35,7%) e as donas-de-casa (33,3%). A resistência em procurar tratamento é um ponto que chama a atenção, segundo Maria do Rosário. Entre as pessoas que sofrem com dores nos membros inferiores, 54,6% não buscaram nenhum tipo de atendimento. Entre as que têm dor nas costas, o percentual é de 45,1%. “A questão da falta de tratamento é que você não sabe a origem dessa dor. Uma dor de cabeça pode ter várias origens, pode ser tanto uma coisa simples ou até mesmo um tumor. Se você não procura um tratamento adequado, pode estar agravando isso”, alertou a especialista. Maria do Rosário destaca também a importância da existência de uma campanha de prevenção, voltada principalmente às pessoas com menor escolaridade. Ela acredita que é necessário conscientizar essa parcela da população sobre hábitos cotidianos, como posturas inadequadas ou exposição a substâncias nocivas, que podem ser fontes de dores contínuas.