Pesquisas mostram que as doenças periodontais também têm impacto no número de hospitalizações. Sabe-se que a pneumonia é a principal causa de morte em idosos residentes em asilos ou internados em enfermarias e UTIs. Segundo o cirurgião-dentista Marcelo Sivieri de Araújo, uma das causas disso é o acúmulo de placa bacteriana e a colonização da boca e de aparelhos protéticos, como as dentaduras, por micro-organismos, que acabam servindo de reservatório para recorrentes infecções respiratórias.
O especialista destaca que o controle da gengivite e do acúmulo de placa dental tem sido eficaz em reduzir a taxa de pneumonia, mas a prestação de atendimento odontológico para idosos institucionalizados ou em pacientes internados em enfermarias e UTIs ainda é muito inadequada. “O tratamento, muitas vezes, só é instituído quando os pacientes experimentam problemas como dor de dente ou machucados gerados pela dentadura. A tentativa de uma limpeza mecânica direta é frustrada pela falta de formação adequada de enfermeiros e cuidadores. Por isso, intervenções baseadas em bactericidas potentes na forma de géis ou de bochechos, como a clorexidina, são preconizadas como métodos alternativos para gerenciar a saúde bucal de idosos ou doentes frágeis”, afirma.
No entanto, Sivieri alerta que, para a prevenção de pneumonia nesses locais, é fundamental o desenvolvimento e a manutenção de um programa de higiene oral em longo prazo, incorporando a saúde bucal na prática de rotina diária. “Isso ajudará a reduzir doenças sistêmicas, promovendo maior qualidade de vida para as pessoas residentes em asilos ou internados. A doença periodontal descontrolada contribui para a manutenção de doenças sistêmicas, como artrite reumatoide e doença coronariana ou do coração.
É importante ainda considerar que a escovação adequada dos dentes e o uso do fio dental, especialmente após as refeições e antes de se deitar, assim como passar por uma avaliação odontológica duas vezes por ano, evitar o consumo de açúcar e não fumar são medidas essenciais para prevenir a gengivite, a periodontite e suas complicações”, informa.
O cirurgião-dentista ressalta que cuidados como esses favorecem a identificação de fatores que, interligados, podem prejudicar o diagnóstico e o tratamento das doenças periodontais, como também doenças sistêmicas, entre elas o diabetes, a obesidade, pneumonia, artrite reumatoide e as doenças coronarianas. “Quanto mais precoce for feito o diagnóstico correto, melhores serão os resultados do tratamento”, completa. (TM)