Especialistas alertam para uso inadequado de produtos de beleza

Segundo Maria Helena, é necessário fazer a anamnese capilar antes de usar químicas e fazer hidratações

Irritações e alergias estão entre os principais efeitos do uso inadequado de cosméticos apontados em 120 notificações analisadas pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. Reações como essas foram relatadas por médicos, profissionais de saúde e consumidores em 60% das notificações. Vermelhidão e coceira aparecem em 35% das notificações e as queimaduras, em 8%. Mais da metade – em torno de 54% –- dos problemas decorrentes do uso de cosméticos são agressões à pele, aos olhos, cabelos e unhas, provocados por alisantes e produtos para hidratação e maciez dos cabelos; protetores solares, desodorantes e cremes antirrugas e anticelulite.

Segundo a farmacêutica Rita de Cássia Dias, especialista em Vigilância Sanitária em Cosméticos, é importante certificar-se de que o produto tem procedência legal ou que seja registrado no Ministério da Saúde por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. E alerta sobre a armadilha de produtos clandestinos em oferta. É o caso de cremes utilizados sem orientação médica para descamação da pele à base de ácido retinoico que podem provocar até queimaduras de segundo grau.

De acordo com a cabeleireira Maria Helena Ferreira da Silva, atualmente a moda faz a cabeça de mulheres e homens, independente dae cor, raça ou crença. Para ela, pintar os cabelos, mechar, alisar, fazer progressivas, selamentos etc está cada dia mais comum e corriqueiro. “Tornou-se um desafio para nós, profissionais, pois temos a responsabilidade de estarmos preparados para realizar um atendimento seguro e com qualidade. Por isso, é fundamental sempre buscarmos atualização e conhecermos os princípios ativos e as reações de cada produto que surge no mercado para definir quando e como ele pode ser aplicado e quem não deve fazer uso de determinado composto químico”, revela a cabeleireira.

Para descobrir a combinação correta e quem pode ter alguma reação adversa, Maria Helena destaca que é fundamental uma análise capilar antes da aplicação de qualquer composto químico. “A anamnese capilar é muito importante no momento de usar qualquer química e até mesmo hidratação, pois cada cabelo possui uma estrutura. Saber se a cliente possui algum tipo de alergia e alertá-la sobre possíveis reações são obrigações de todo profissional”, afirma. E a orientação é válida também para consumidores.

Formol pode oferecer risco à saúde

O consumidor deve saber, antes de qualquer procedimento estético, qual produto será usado em sua pele ou seu cabelo, quais são os riscos que o composto oferece à saúde, se ele é aprovado por órgãos sanitários e se ele não foi modificado indevidamente, a fim de evitar acidentes e intoxicações. O problema mais comum e arriscado hoje ainda é a aplicação do formol. De acordo com a Anvisa, o formol, nas concentrações permitidas pela Agência, não tem função de alisante. A substância só tem uso permitido em cosméticos como conservante, sendo que o limite máximo de 0,2%, e como endurecedor de unhas, no limite máximo de 5%.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), quando absorvido pelo organismo por inalação e, principalmente, pela exposição prolongada, o formol apresenta como risco o aparecimento de câncer na boca, nas narinas, no pulmão, no sangue e na cabeça, irritação, cegueira e dermatites, além de queda capilar. “Infelizmente, devido à falta de conhecimento e formação qualificada, a população fica cada vez mais exposta a riscos, pois a quantidade de formol dos produtos inspecionados pela Anvisa não traz transtornos à saúde, mas apenas se for monitorado por um profissional. Além disso, deve-se respeitar o tempo de pausa de seis meses entre uma aplicação e outra”, alerta Maria Helena. Segundo ela, há no mercado outros produtos para a realização de escova progressiva que não possuem formol e conseguem produzir o mesmo efeito. (TM)