Estudo realizado no Instituto da Unesp de Botucatu mostrou que a melatonina, hormônio produzido...
Estudo realizado no Instituto da Unesp de Botucatu mostrou que a melatonina, hormônio produzido por diversos animais e plantas, é adequada para realizar uma série de mecanismos no organismo de animais que consomem, voluntariamente, álcool. A pesquisa foi realizada em ratos que preferem consumir etanol e toleram bem a ingestão. Durante 60 dias, o tratamento com melatonina reduziu de maneira satisfatória o consumo de álcool, combatendo também os agentes oxidantes provenientes do alcoolismo crônico no ovário de ratas alcoólicas.
Segundo o autor da pesquisa, o especialista em toxicologia da reprodução, Luiz Gustavo Chuffa, a substância vem recebendo destaque no tratamento de subfertilidade na mulher, pois possui a função de restaurar as atividades e reduzir os danos oxidativos no óvulo em desenvolvimento. “O objetivo desse estudo com a melatonina foi verificar se a substância, quando administrada de forma externa e a longo prazo, é capaz de atenuar o estresse oxidativo nos ovários de ratas de linhagem que faz consumo de etanol a 10% voluntariamente. Visou a estudar todas as enzimas antioxidantes e, também, o metabolismo desses animais, para saber se a melatonina era capaz de atenuar alguns efeitos causados pelo consumo de álcool, se ela reduz essa ingestão e se reduz os níveis de glicose sanguíneo, entre outros parâmetros”, explica.
O especialista destaca que o estudo visa a observar se a melatonina, quando combinada com o consumo de álcool, é capaz de alterar níveis dos hormônios femininos FSH, LH, estradiol e progesterona. Enquanto os hormônios FSH e LH são necessários para a maturação do óvulo e responsáveis pelo amadurecimento dos folículos para a ovulação na mulher, o estradiol é um hormônio sexual importante para a manutenção dos tecidos do organismo, garantindo a elasticidade da pele e dos vasos sanguíneos e a reconstituição óssea, entre outras funções. Já a progesterona é produzida a partir da puberdade e essencial na manutenção da gravidez.
Luiz Gustavo afirma que, atualmente, sabe-se que a infertilidade e a subfertilidade (dificuldade em engravidar) na mulher têm relação direta ou indireta com o estresse oxidativo nos ovários causado pelo consumo de bebidas alcoólicas. “Com o estudo, foi possível perceber que a melatonina reduz de forma significativa o consumo crônico do álcool ao longo do período de 60 dias de tratamento e reduz os níveis de glicose sanguínea.
E como observamos que ela tem esse potencial e esse caráter de proteger os ovários diante da associação com outras drogas, em especial ao alcoolismo, a ideia é realizar novos experimentos para verificar se a melatonina é capaz de promover a proteção dos ovários e fazer a mulher com dificuldade de fertilização voltar a ter óvulos mais fortes”, completa.