É conclusão unânime que o consumo exagerado de álcool pode causar inúmeros males ao corpo e à saúde. O abuso provoca a degeneração do fígado e origina doenças como câncer, cirrose hepática e hepatites, além de desgastar o organismo. Porém, as pessoas ainda não encaram o problema do alcoolismo como uma questão de saúde pública. Hoje é importante se preocupar com o excesso, pois ele é o causador de violências, acidentes de trânsito e por elevar a libido das pessoas que acabam facilitando a transmissão de DST’s, já que, alteradas, elas esquecem de usar camisinha.
Um estudo desenvolvido pelo Laboratório de Neurobiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) indica que a abstinência ao álcool aumenta a produção de receptores canabinoides em algumas regiões do cérebro, fato que altera o funcionamento de algumas áreas cerebrais que estão diretamente ligadas à dependência.
O nosso cérebro produz substâncias parecidas com o Tetrahidrocanabinol (THC), principal componente responsável pelos efeitos da maconha. Estas substâncias estão presentes em todos os vertebrados e regulam a liberação de vários neurotransmissores, tais como a Serotonina e a Dopamina, que estão relacionadas a transtornos psiquiátricos.
Os pesquisadores verificaram a quantidade de receptores canabinoides em camundongos sensíveis ou resistentes ao efeito crônico do álcool e, também, se houve alterações nestes receptores durante a abstinência. A análise cerebral mostrou que apenas na ausência do álcool (mas não durante o seu uso crônico) houve um aumento dos receptores em regiões responsáveis pela aprendizagem, memória, emoções, motivação, tomada de decisão e estresse.
De acordo com Cassia Coelhoso, uma das autoras do estudo, isso ocorreu somente nos animais sensíveis ao efeito comportamental do álcool. “Além disso, uma nova dose de álcool reverteu totalmente os efeitos da abstinência sobre estes receptores”. Estes resultados sugerem que o sistema endocanabinoide pode ser um importante alvo terapêutico para o alcoolismo, principalmente durante a fase de abstinência, caracterizada por altas taxas de recaídas. No entanto, a funcionalidade desse tratamento em humanos ainda requer estudos mais detalhados.