De acordo com pesquisa desenvolvida pelos acadêmicos de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Luís Fernando Bevilaqua, Janine Gomes Cassiano e Tainã Alves Fagundes, o tempo de lazer dos idosos, no Brasil, é grande, porém, mal aproveitado. Segundo o estudo, 26% do dia dos idosos são dedicados a atividades de lazer, com pouca contribuição para a melhoria da saúde.
O estudo foi apresentado na 35ª Conferência da Associação Internacional para Pesquisas de Uso do Tempo (Iatur), realizada no Rio de Janeiro, que discutiu temas como valor do tempo, trabalho remunerado, valor do trabalho não remunerado, meios de comunicação e lazer, cuidados na família, educação e equilíbrio vida-trabalho. O objetivo é saber como as pessoas usam o tempo, para poder planejar políticas públicas e combater as desigualdades sociais, o que interfere diretamente na qualidade de vida.
De acordo com a cientista econômica Cíntia Simões Agostinho, projeto-piloto do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2009, estuda o uso do tempo pela população. Segundo ela, o Brasil está enfrentando um processo de envelhecimento rápido, e o olhar para a velhice tem que estar presente. “A maior parte do tempo do idoso está dedicada ao lazer, mas um lazer ocioso, passivo, como assistir televisão e ficar deitado descansando. O lazer ativo é o que traz mais benefícios à saúde, como artesanato, dança e até mesmo rodas de conversa”, frisa.
Para a professora Hildete Pereira, do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), o gênero também é fundamental nas questões sobre o uso do tempo. “A discussão do uso do tempo é extremamente significativa para a vida das mulheres, porque existe a questão da divisão sexual do trabalho. A mediação do tempo é uma forma de se entender a raiz da subordinação e da desigualdade. A principal função que a sociedade oferece para as mulheres não é vista como trabalho, como cuidar dos filhos, dos doentes, arrumar, varrer e lavar”, ressalta.
Ela destaca que isso tem que ser valorizado, porque em economia tudo tem preço de acordo com quantas horas mulheres se dedicam aos trabalhos domésticos. De acordo com a pesquisa, em 2001 as mulheres dedicavam em média 29 horas, por semana, para as tarefas domésticas, hoje são 23. Enquanto os homens declaravam nove horas em 2001 e agora são dez horas. Para Hildete, é necessário acabar com a divisão sexual do trabalho.