Pesquisa nacional com 1.100 médicos brasileiros, liderada pelo ginecologista
Luciano Pompei, da Faculdade de Medicina do ABC, revela que 94% dos profissionais já prescreveram a pílula anticoncepcional em regime contínuo, sendo 78% com o objetivo de promover o bem-estar da mulher. O estudo, feito nas cinco regiões do país, demonstra que 93% dos ginecologistas já receberam pacientes interessadas em ingressar na contracepção contínua. Os resultados apontam também a relação da prescrição do método de contracepção contínua com algumas doenças.
De acordo com o ginecologista e obstetra Alexandre Sivieri, a menstruação é um fenômeno que ocorre quando o organismo da mulher não consegue seu objetivo, a gravidez. “Sendo assim, ocorre a descamação do endométrio que foi preparado para receber o embrião. Como não houve a fecundação, é necessário que ocorra a descamação endometrial, ou seja, a eliminação daquele preparo endometrial. Para isso, há um fenômeno inflamatório intenso no endométrio. Esta inflamação é o que leva a todos os sintomas da TPM”, esclarece.
O especialista em mastologia e ultrassonografia explica que existem mulheres que realmente sofrem muito durante esse período, enquanto outras, nem tanto. “O regime estendido do uso da anticoncepção, ou seja, sem dar pausa na medicação, beneficiará muitas mulheres que sofrem muito com a TPM”, frisa Sivieri. Ou seja, a suspensão da menstruação elimina desconfortos como TPM, inchaço, dores, cólicas e variação de humor, fatores que comprometem a qualidade de vida
da mulher.
Indicação. Alexandre Sivieri destaca que, antigamente, as mulheres menstruavam pouco, pois tinham vários filhos e passavam muito tempo amamentando. “Em contrapartida, a mulher moderna, em busca de seu espaço no mercado de trabalho, tem adiado a gravidez e, quando engravida, tem um ou dois filhos. Desta maneira, elas têm muitas menstruações e esse quadro por longos
períodos tem levado ao desenvolvimento de várias doenças, como a endometriose e os miomas uterinos. Assim sendo, sou totalmente a favor do regime estendido do uso da pílula anticoncepcional, porque os benefícios são enormes”, afirma.
O especialista lembra, porém, que há mulheres para as quais o uso da pílula anticoncepcional é contraindicado. “Nesses casos, a melhor conduta é manter o peso adequado, praticar atividade física regular e ter momentos de lazer, que podem minimizar os sintomas, associados ao uso de anti-inflamatórios e analgésicos”, completa Sivieri.