A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem alertando sobre a epidemia de obesidade há anos. Os números, no entanto, não param de crescer. Estudos recentes apontam que ela quadruplicou entre 1980 e 2008 em países emergentes e, no mundo, já atinge meio bilhão de pessoas. Sociedades médicas americanas, britânicas e canadenses resolveram agir e lançaram ontem a “Action on Sugar”, uma campanha para a redução de até 30% no açúcar adicionado em produtos industrializados e que pode reverter esse quadro. No Brasil, o Ministério da Saúde iniciou negociações com a indústria em meados de 2013, mas ainda não há consenso.
Comidas prontas, cereais matinais e, principalmente, bebidas adoçadas artificialmente estão na mira da campanha. A ideia é a mesma da medida adotada pelo Brasil com a redução de 20 mil toneladas de sódio das prateleiras dos supermercados até 2020. Na ocasião, estava em jogo o controle dos casos de hipertensão no país que, de acordo com o Ministério da Saúde, atingia 20% da população em 2011. O alvo, agora, é tão ambicioso quanto. Segundo pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), no mesmo ano, 15,8% dos brasileiros foram considerados obesos, gerando um custo de R$ 488 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A obesidade também está associada com a hipertensão e, de acordo com Julio Peclat, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio, altas taxas de açúcar no sangue podem causar problemas nos rins, nos olhos, no coração e no cérebro, sem falar no diabetes. A pesquisa da UnB aponta que, em 2011, dentre os males derivados da obesidade, os que mais geraram gastos ao SUS foram aqueles relacionados às doenças do coração.