Para os pesquisadores, governos devem desenvolver formas de tornar a atividade física mais acessível e segura, para aumentar o nível de saúde e reduzir o risco de doenças
Pesquisa publicada na revista médica Lancet revela que a falta de exercício físico vem causando tantas mortes quanto o tabagismo. A ideia é demonstrada através de estimativa de que um terço dos adultos não tem praticado atividades físicas suficientes, o que tem causado 5,3 milhões de mortes por ano em todo o mundo. Ainda conforme o estudo, a inatividade física é responsável por uma em cada dez mortes por doenças, como problemas cardíacos, diabetes e câncer de mama ou colorretal. Os pesquisadores afirmam que o problema é tão grave que deve ser tratado como uma “pandemia”, ou seja, uma epidemia que vem se espalhando rapidamente entre a população.
O biólogo Roberto Carlos Burini, especialista em metabolismo, exercício e nutrição, alerta sobre a necessidade de as pessoas praticarem atividades físicas. “O chamado lazer saudável tem, hoje, o significado de conforto, então o indivíduo não abre mão do seu conforto, do seu automóvel, do seu aparelho de televisão e do controle remoto. São tecnologias que priorizam e privilegiam um estilo de vida sedentário. Se verificarmos nossos ancestrais, eles andavam 19 quilômetros por dia para obter água e comida. Hoje conseguimos obter as mesmas coisas por telefone. Ou seja, o homem deixou de gastar energia para sua sustentação, para a obtenção de seu alimento”, destaca.
Roberto Burini ressalta ainda que a população atual também deixou de gastar energia para o ir e vir. Hoje, as pessoas se deslocam tanto para lugares distantes quanto para locais próximos utilizando a tecnologia e sem qualquer gasto energético ou exercício. “Por outro lado, existe uma parcela da população que continua tendo uma atividade física laboral intensa, composta por serventes de pedreiro, lixeiros etc. Ou seja, indivíduos que gastam energia em função da sua profissão”, explica.
Sendo assim, o principal desafio global é tornar a prática da atividade física como uma prioridade para aumentar o nível de saúde e reduzir o risco de doenças. A conclusão dos pesquisadores é de que, para isso, os governos devem desenvolver formas de tornar a atividade física mais conveniente, acessível e segura.