Depois de oito anos em ascensão, índice de sobrepeso no Brasil parou de crescer. Já o número de mortos por complicações relacionadas à obesidade triplicou nos últimos 10 anos
Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) apontam que, apesar da estabilização do índice, 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal. Na primeira edição da Vigitel, a proporção de pessoas acima do peso era de 42,6% e a de obesos, de 11,8%. Segundo o Data SUS, o número de brasileiros mortos por complicações diretamente relacionadas à obesidade triplicou nos últimos 10 anos. Em 2001, houve 808 óbitos, enquanto em 2011 o índice sinalizou 2.390 ocorrências. Um crescimento de 196%.
Os dados da pesquisa Vigitel mostram que a proporção de obesos entre homens e mulheres é a mesma: 17,5%. Em relação ao excesso de peso, os homens acumulam percentuais mais expressivos: 54,7% contra 47,4%.
De acordo com a endocrinologista Adriana Lúcia Mendes, o aumento das mortes é um reflexo da epidemia de obesidade registrada no país. “A obesidade vem crescendo a números extraordinários e com ela seguem várias doenças, muitas delas graves, como a doença cardiovascular e até mesmo o câncer. Por isso, a obesidade é um dos fatores de risco para o aumento da mortalidade”, afirma.
A médica pontua que é preciso levar em consideração que a classe médica nas últimas décadas vem pensando mais na obesidade como uma doença crônica e com potencial risco para doenças graves. “Esse aumento da obesidade como causa de mortalidade reflete uma série de fatores, e não só a prevalência da doença, como também um olhar especial dos médicos para esse problema”, ressalta Adriana.
Para a especialista, a falta de políticas públicas de saúde específicas, com ênfase priorizando a prevenção, e não a terapêutica, afeta o crescimento do número de mortes por obesidade. “Na verdade, hoje o trabalho da saúde tem sido correr atrás do prejuízo, e não evitá-lo. A partir do ensino e da conscientização da população, principalmente de crianças e jovens, com informações sobre alimentação, como manter o peso e a realização de atividade física, é possível focar na prevenção da obesidade”, recomenda.
Ainda segundo Adriana Mendes, as doenças cardiovasculares estão presentes em torno de 31% dos óbitos. Para prevenir o problema, a endocrinologista sugere manter o peso, evitando a obesidade e o sedentarismo, dando preferência a hábitos de vida mais saudáveis, como diminuir alimentos ricos em gordura, industrializados e com grande quantidade de sal, e praticar atividade física.