Cerca de 5% da população brasileira tem algum grau de língua presa. Na Clínica de Fonoaudiologia da Uniube, a maioria dos atendimentos é a pacientes entre 7 e 35 anos
Fernanda Borges
Luciana Ávila destaca que o projeto de lei inclui o diagnóstico precoce e a intervenção por seis meses
O Projeto de Lei nº 74 de 2013, de autoria do vereador Elmar Goulart, aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de Uberaba, no dia 17 de setembro, torna obrigatória a realização do teste da Linguinha em hospitais e maternidades do município antes da alta do bebê ou nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da rede, até 30 dias após o nascimento. Agora ele seguirá para sanção do prefeito Paulo Piau (PMDB) e a expectativa é de que ele não vete a proposta.
De acordo com a fonoaudióloga, professora da Universidade de Uberaba (Uniube), Luciana Ávila dos Santos, é de extrema importância a aplicação do teste da Linguinha, porque é preciso pensar no bem-estar físico e social do bebê, tanto presente quanto futuro. “Hoje nós já temos alguns testes obrigatórios, como o do Pezinho, do Olhinho e o teste da Orelhinha, que foi um ganho muito importante para o trabalho do fonoaudiólogo. Acredito que, se conseguirmos inserir o teste da Linguinha nesse contexto, será possível fazer a prevenção contra futuros problemas que a criança possa desenvolver. Por exemplo, dificuldades de sucção do leite durante o aleitamento materno. No futuro, essa criança pode apresentar dificuldade para a mastigação e para engolir o alimento”, destaca.
No entanto, a especialista alerta que uma das principais utilidades do exame é justamente detectar futuras dificuldades na fala. “Vemos, atualmente, muitos indivíduos adultos com a famosa língua presa, problema que poderia ter sido sanado precocemente”, reforça. Com o diagnóstico precoce, Luciana Ávila ressalta que o tratamento será mais eficaz. “Quanto mais cedo é detectada a língua presa, mais fácil é a intervenção. Hoje existe um procedimento cirúrgico muito simples, que o fonoaudiólogo acompanha, juntamente com um odontopediatra ou otorrino. É como se fosse um pique debaixo da língua, é a frenolectomia”, esclarece. O ideal é que o procedimento seja feito antes que a criança comece a falar.
A fonoaudióloga explica que o indicado é que o exame seja feito na criança logo após o nascimento, antes da alta hospitalar. “O fonoaudiólogo conversa com a mãe e a avaliação começa ao iniciar o processo de aleitamento materno. Essa avaliação é visual e através da gravação da amamentação. A partir disso é que o profissional vai determinar qual será o procedimento. Se o bebê passar no teste, é bom fazer um acompanhamento de seis em seis meses para confirmar se há alguma alteração ou não. Se a criança não passar no exame e for constatado que ela tem língua presa, o fonoaudiólogo acompanha esse bebê pelo tempo que for necessário. O Projeto de Lei inclui o diagnóstico precoce e a intervenção do fonoaudiólogo por seis meses para o acompanhamento do problema”, completa Luciana Ávila.