O tratamento para gagueira deve ser feito com fonoaudiólogos e ainda na infância, quando aparecem os primeiros sinais da disfluência, como repetições de início e bloqueios
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Quanto mais cedo for tratada, maiores as chances de superação da gagueira e menor o risco de problemas no desenvolvimento
Celebrado em outubro, o Dia Internacional de Atenção à Gagueira destaca a importância da conscientização sobre o problema. A data foi criada em 1998, pela Associação Internacional de Fluência, com objetivo de despertar na população a ideia de que a gagueira não tem graça, e sim tratamento. Conforme levantamento do IBGE, a população brasileira está estimada em, aproximadamente, 191 milhões de pessoas, sendo que a incidência da gagueira é de 5%, ou seja, cerca de 10 milhões de brasileiros estão passando por um período de gagueira neste momento. Já para a gagueira crônica, aquela que acomete pessoas há pelo menos uma década, a prevalência é de 1%, ou seja, cerca de 2 milhões de brasileiros.
Segundo o Instituto Brasileiro de Fluência (IBF), a cada quatro pessoas que gaguejam, apenas uma é mulher. De acordo com a fonoaudióloga Cristiane Canhetti de Oliveira, a pessoa que gagueja demora para falar e em alguns casos apresenta movimentos de mímica facial. “E isso acontece não é porque a pessoa quer, e sim por ela ter um problema neurobiológico, que independe da vontade dela, fazendo com que demore a falar. Por isso, as pessoas ouvintes, ou seja, a comunidade em geral, tem que ter um pouco mais de paciência para escutar essa pessoa que apresenta gagueira”, afirma.
A especialista reforça que a gagueira pode acarretar impactos sociais e emocionais se não for tratada a tempo e adequadamente. “A gagueira é um problema de fala, então o primeiro impacto que surge é no processo de comunicação, porque, para ser considerada gaga, a pessoa precisa repetir sílabas ou algum som e até mesmo uma travada na fala, o que chamamos de bloqueio, ou esticar o som mais tempo do que o normal. Este impacto em geral pode ocasionar prejuízos sociais, porque é por meio da comunicação que temos grande parte das interações sociais. É comum uma pessoa que gagueja evitar situações comunicativas, como falar em grupo e apresentar trabalhos”, destaca Cristiane.
A reação inadequada dos ouvintes, segundo a fonoaudióloga, pode ocasionar ainda impactos emocionais, pois a pessoa que gagueja percebe que a fala dela não é aceita pelos demais. “Então, a pessoa pode se tornar mais introvertida e frustrada, porque a comunicação foi problemática. Isso prejudica também a qualidade de vida dessa pessoa, gerando prejuízos acadêmicos, pois ela não apresenta trabalhos e muitas vezes prefere tirar zero do que fazer uma prova oral. E há, ainda, prejuízos profissionais, quando ela deixa de ter uma promoção dentro do trabalho porque, por exemplo, tem medo de atender o telefone”, alerta.