Nem tudo dura para sempre, apesar de muitos casais jurarem, diante do altar, manter a união até que a morte os separe. O fato é que ninguém se casa e constitui família pensando em se separar, mas o problema é que, algumas vezes, o convívio se torna impossível e exige a separação. Nesses casos, os filhos são os que mais sofrem. E a dúvida passa a ser como administrar o convívio entre pais separados e os filhos. Atualmente, existe a guarda compartilhada. Segundo o advogado Santo Gutier, da Vara de Família, é possível escolher a modalidade da guarda compartilhada quando os pais moram na mesma cidade. O conceito é pouco conhecido no Brasil, mas acontece quando os pais dividem a convivência com a criança. “A criança fica alguns dias com a mãe e outros com o pai. Um exemplo é uma mãe que fica com a filha quatro dias da semana e o pai, três, levando para a escola etc”, explica. Períodos maiores são inviáveis para o bem-estar da criança. Segundo a psicoterapeuta Regina Basílio, o principal questionamento é até que ponto a criança tem a possibilidade de escolher com quem quer ficar – com a mãe ou o pai? “Para o adulto escolher, já é uma tarefa muito difícil. Um exemplo é que, se fosse fácil, se nós soubéssemos escolher, nunca faríamos escolhas erradas e nunca teríamos errado na vida. Imagine, então, delegar essa escolha à criança? A criança vive segundo o princípio do prazer, ou seja, ela faz a escolha mediante esse critério – quem dá mais bala, quem leva mais ao shopping – e passa a jogar com esse poder. Essa possibilidade pode levar a criança a manipular os pais, de acordo com o que ela quer naquele momento e que lhe dá mais prazer”, destaca Regina. Equilíbrio. Para a psicoterapeuta, o ideal seria que houvesse, após o rompimento dos pais, a possibilidade de uma negociação em nível familiar sobre como deve ser a escolha de com quem a criança vai ficar. “Escolha e acordo estes que precisam ser equilibrados, feitos de forma franca e aberta com a criança. Quando há rompimento, não acontece sem dor, mas é necessário um acordo entre os pais da maneira mais neutra possível, para que a criança não sofra ainda mais com esse rompimento, que, com certeza, deixa marcas”, explica. Uma das possibilidades para administrar a questão e equilibrar a relação, de acordo com a especialista, seria uma conversa visando a ajudar essa criança a fazer a escolha adequada. “Sem esquecer que é importante estabelecer limites, para que a criança decida o que é melhor, de uma forma mais madura. Deixar a escolha totalmente à mercê da criança não é conveniente, pois exige uma maturidade que ela ainda não tem e, se exigida, pode ser prejudicial”, afirma.