Qualquer ação que interfira na autolimpeza do ouvido pode agravar dores, infecções e traumas, até provocar a perda auditiva temporária ou definitiva
Toda infecção do ouvido é chamada de otite. Ela pode afetar a região da orelha externa, ou seja, do pavilhão auricular até o tímpano, membrana cuja função é levar a fonte sonora até a orelha média, região que pode ser afetada pela otite média. De acordo com a Sociedade Brasileira de Otologia, é preciso diferenciar as inflamações ligadas ao contato com a água, mais comuns nas férias, dos casos de otite média aguda, que apresenta maior incidência nos meses de inverno, especialmente entre crianças menores de seis anos. Trata-se de problema causado por bactérias e vírus, que provoca inflamação e obstruções. Costuma ocorrer durante ou logo após gripes, resfriados, infecções na garganta ou respiratórias. É comum em crianças, mas pode ocorrer em pessoas de qualquer idade.
O otorrinolaringologista Marcelo Miguel Hueb explica que os problemas de qualquer ordem no canal auditivo, entre eles as otites, podem levar a perdas auditivas, geralmente por bloqueio mecânico à passagem da onda sonora por perfuração da membrana timpânica ou fechamento do canal pela má cicatrização. O contato excessivo com água e a permanência da umidade são as principais causas dessas infecções, além do hábito de coçar o ouvido, especialmente com cotonetes, tampas de caneta, grampos, entre outros objetos pontiagudos. “Quando o ambiente está úmido e quente, o contato constante com a água pode modificar o revestimento do canal auditivo externo, retirando a proteção do local, o que pode ocasionar descamação e coceira. Esse incômodo provoca a necessidade de o paciente coçar o ouvido constantemente, causando lesões que facilitam a entrada de vírus, bactérias e fungos”, afirma o médico.
Entre os sintomas mais comuns estão a coceira e a sensação de entupimento, mas também dor muito forte, diminuição da audição, febre, falta de apetite, secreção local. A orientação é procurar um especialista em otorrinolaringologista quando a dor de ouvido for recorrente. O ideal é evitar remédios caseiros, já que outras doenças podem ser mascaradas pela ação. “Indivíduos que sofram de problemas como otite crônica, mas principalmente em recém-nascidos, idosos ou pessoas com saúde debilitadas, devem evitar o uso de quaisquer objetos para limpar ou coçar os ouvidos, como grampo, palito, cotonete, tampa de caneta etc, fazendo visitas periódicas a um otorrinolaringologista para limpeza do excesso de cera e descamação”, completa o especialista.