O processo de imunização contra a Covid-19 no país ganhou mais um capítulo. Na última semana, o Ministério da Saúde divulgou que, a partir do dia 15 de setembro, dará início às aplicações de terceiras doses. O “reforço” será para idosos acima de 70 anos, que tomaram a segunda dose há mais de seis meses e também para pacientes imunossuprimidos, que já tenham recebido duas doses há, no mínimo, 21 dias.
Em entrevista ao JM News 2ª Edição, da Rádio JM, a infectologista Cristina Hueb Barata apontou que as informações quanto à periodicidade da vacina ainda não estão solidificadas. “Vimos que o sistema imunológico desse grupo especial não produziu a quantidade de anticorpos que se esperava e que também há uma perda ao longo do tempo. Mas, a gente não sabe se isso vai ser uma constante, se será como a vacina da gripe, que todo ano vai ter que tomar”, explicou.
Ainda conforme a especialista, o que foi observado é que algumas falhas poderiam ser corrigidas com aplicação de vacinas de outros fabricantes. "Isso vem reforçando o que os estudos mostraram, que vacinas de fabricantes diferentes, com tecnologias diferentes, devem ser usadas para aumentar o reforço da produção de anticorpos naqueles que já receberam a vacina das duas doses e tem algum problema imunológico".
Cristina afirma que o que temos hoje como certeza em relação à vacina é justamente a sua capacidade de reduzir a transmissão e o risco de adoecimento pelas formas graves. “Sabemos que ela não te deixa imune para o resto da vida, mas o comportamento do vírus é ainda muito sem definição, não sabemos se ele vai sumir como sumiu em outras epidemias ou se vão permanecer por mais tempo entre nós”.
“ A persistência da transmissão em grande quantidade favoreceu o aparecimento das variantes. E, essa dose extra na realidade está servindo justamente para prevenir contra a ação dessas variantes, porque elas podem ter mecanismos de ação diferentes daquela primeira leva do coronavírus. Mas, imagino, e é isso que temos visto sendo desenhado no futuro, que será uma vacinação para ficar por um tempo, pode ser que em algum momento esse vírus desapareça e não haja mais necessidade.”
Um ponto interessante destacado pela médica, é que o reforço segue a lógica de quem já foi infectado pela doença uma vez e também foi vacinado com duas doses. “O reforço da terceira dose é fundamentado nas pessoas que já tiveram infecção natural e se vacinaram, pois elas tiveram uma produção de anticorpos muito melhor. É como se a infecção natural fosse a terceira dose, então foi baseado muito nesses estudos, que foi criando a necessidade da terceira dose.”
Quanto à variante Delta, a infectologista destaca a importância da vacinação e cita um estudo americano recém-publicado “O estudo mostra que as pessoas que não se vacinaram, as chances de adquirir a variante Delta é acima de 70% em comparação com aqueles que vacinaram, que podem adquirir mas não vão ter formas graves”, explica. A médica conclui que, apesar de enfrentarmos um momento em que somos bombardeados com muitas informações novas e até fake news, a vacinação segue sendo essencial.