Em pouco mais de um ano de pandemia, os órgãos e profissionais de medicina continuam procurando tratamentos comprovados cientificamente para lidar com a infecção por covid-19. Contudo, muitos remédios são indicados de maneira irresponsável, por não ter estudos técnicos profundos sobre os impactos da droga no organismo. O professor e infectologista, Rodrigo Molina, desaconselha todo e qualquer medicamento que não tenha passado por critérios rígidos de avaliação.
“Hoje não existe nenhuma medicação preventiva. O ser humano é capaz de muitas coisas. Eles inventam essas coisas e as difundem para as pessoas, que acabam fazendo. Por exemplo, o que creolina vai ajudar no tratamento de um vírus? Esse uso pode trazer complicações, já que a creolina é um veneno. Imagina tomar isso todo dia... são drogas que se acumulam no corpo”, declara Rodrigo.
O médico credita o aumento da procura por tratamento sem acompanhamento médico ao momento de desamparo da pandemia. Segundo ele, o desespero por não achar algo concreto faz com que as pessoas acreditem mais em mensagens das redes sociais do que órgãos oficiais de saúde.
De acordo com Molina, a prevenção mais concreta é a vacina. A aplicação das duas doses garantem a imunização parcial do paciente e alivia a pressão por leitos hospitalares na cidade. No entanto, há ainda um movimento que desincentiva a vacinação.
“Todas as vacinas têm eficácia. Vai sair agora o segundo estudo da Coronavac, onde ela sai de uma eficácia de 50% para 64%. Ou seja, mostra eficácia boa, importante. Ela não impede, assim como nenhuma, de você adquirir e transmitir o vírus. Não é para sair achando que é superman e mulher maravilha, mas as vacinas são as melhores medidas para conter a pandemia”, justifica o infectologista.
Sobre a volta às aulas, Rodrigo entende que tem fatores políticos e médicos. Para ele, é necessário que haja a volta gradual dos setores, sempre de forma segura, e as escolas estão incluídas. O prejuízo para as crianças “encarceradas” em casa pode ser muito maior daqui um ano.
“Precisamos retornar com algumas atividades. A escola é um ambiente até possível de controlar. O que temos que fazer é orientar as crianças e os pais. O problema é que as pessoas mentem. Se aqui no hospital as pessoas vêm com sintomas de coronavírus e não contam, imagina na escola. Mas também temos que voltar, a criança precisa voltar. As crianças estão ficando depressivas, ansiosas, e os pais estressados. O que precisa é ter um controle rigoroso nas escolas. Mas como a transmissão entre crianças tem tolerância maior, a gente não vê tantos problemas na volta às aulas. A gente não pode é ter a sensação de que a pandemia acabou”, finaliza Rodrigo Molina.