SAÚDE

Ingestão exagerada de açúcar é uma questão cultural no Brasil

A indústria de alimentos e bebidas identificou a propensão brasileira e pode estar piorando o problema ao adicionar mais açúcar

Publicado em 16/01/2014 às 11:51Atualizado em 19/12/2022 às 09:25
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Em 95 produtos industrializados, 76% apresentaram alto teor de açúcar

Se no mundo o consumo exagerado de açúcar vem preocupando, no Brasil, dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente aos anos de 2008 e 2009, apontaram que o assunto é urgente: 61,3% da população consumia bem mais que o máximo recomendado pela OMS - são 50g diários, o equivalente a dez colheres de chá, para uma dieta baseada em 2 mil Kcal.

“O problema é a substituição da água por líquidos adoçados, e esse aumento está diretamente ligado com a curva de obesidade, sem falar do café. O brasileiro adoça tudo, é uma questão cultural. E quanto mais você expõe suas papilas gustativas ao açúcar, maior vai ser o desejo de comer doce”, afirma a endocrinologista Isabela Bussade.

A indústria de alimentos e bebidas identificou rapidamente a propensão brasileira e pode estar piorando o problema ao adicionar mais açúcar aos produtos. Não é nada cientificamente comprovado, mas a nutricionista e pesquisadora do Centro de Competência de Alimentação e Saúde da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Manuela Dias, diz que nem a indústria nega o fato.

Em teste com 95 produtos industrializados, a associação relata que 76% tinham alto teor de açúcar - tomando como base a tabela da Agência Regulatória do Reino Unido, que considera alimentos com alto teor de açúcar aqueles com taxa acima de 12,5%. Segundo Manuela, achocolatados têm até 80% de açúcar na sua composição, e crianças ainda adicionam mais. No entanto, segundo Vivian Ellinger, especialista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a redução nos produtos industrializados não basta para o combate à obesidade. “Ela deve ser acompanhada de outras medidas, principalmente de educação e orientação”, ressalta a médica.

A endocrinologista alerta que os princípios básicos de nutrição deveriam ser ensinados na escola, da mesma forma que ensinam matemática e português.

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