Para a maioria das pessoas, a presença de cera no ouvido é sinal de sujeira ou de falta de zelo com a limpeza pessoal...
Para a maioria das pessoas, a presença de cera no ouvido é sinal de sujeira ou de falta de zelo com a limpeza pessoal, mas não é bem assim. Especialistas alertam que, ao contrário do que nossos antepassados sempre ensinaram, os ouvidos não devem ser limpos com cotonetes, e muito menos com outros objetos. Um terço lateral do canal auditivo externo é constituído por cartilagem e o restante por osso, medialmente, correspondendo a aproximadamente 25 a 30 milímetros de comprimento; é a única estrutura no corpo humano em “fundo de saco” recoberta por pele com características migratórias e de autolimpeza.
O otorrinolaringologista Marcelo Hueb explica como essa autolimpeza ocorre no ouvido. “A camada mais superficial da membrana timpânica, a queratina, tem um movimento de migração do centro para a periferia e, como está em continuidade com a pele do canal, esta migração continua em direção à saída do ouvido, onde se mistura com o cerume produzido no início do canal externo. Com isso forma-se uma camada contínua de queratina descamada e cerume, que serve de proteção para a pele abaixo”.
Hueb alerta que qualquer ação que interfira nesse processo, pode ocasionar problemas à saúde dos ouvidos, desde coceira, dores, infecções e traumas, até perda auditiva, temporária ou definitiva. “Com o cotonete esta camada protetora pode ser empurrada para o fundo do canal e impedir que a autolimpeza aconteça, retendo umidade, até pela água do banho, o que favorece a proliferação de micro-organismos e o bloqueio do canal auditivo”, frisa o médico. Ele ressalta que com isso reduz-se a audição.
Infelizmente, é comum o hábito de limpar o ouvido com haste flexível com algodão, popularmente conhecida como cotonete; grampos, palitos de fósforo, tampa de caneta, clipes, papel, entre outros objetos. “Mas isso pode levar tanto à remoção da camada protetora, facilitando o aparecimento de coceira, bem como ao desenvolvimento de infecções por bactérias e fungos, além do trauma na pele, que às vezes
leva a sangramentos e infecções secundárias, ou até mesmo perfuração na membrana timpânica e desarticulação dos ossículos, podendo ocasionar perda auditiva”, alerta Marcelo Hueb.