O médico alerta que a decisão pela mastectomia redutora de risco é a última alternativa para combater o câncer de mama e, mesmo assim, inúmeros fatores devem ser levados ...
Foto / Fernanda Borges
Na terça-feira, 14, a atriz Angelina Jolie, de 37 anos, divulgou um artigo chamado “My Medical Choice” (Minha escolha médica), publicado no jornal americano The New York Times, revelando ter passado por uma dupla mastectomia redutora de risco, uma cirurgia para a retirada dos seios. A decisão teria sido tomada em razão de mãe ter lutado contra o câncer por quase uma década e morrido aos 56 anos. Além disso, a atriz afirmou ter descoberto uma falha no gene BRCA1, que aumentaria suas chances de desenvolver câncer de ovário em 50% ou de mama em 87%. Com a cirurgia, que também contou com a colocação de implantes, a atriz informou que reduziu para 5% o risco de desenvolver a doença.
No entanto, o mastologista Leandro Ovidio Facure de Vito alerta que a medida não deve ser vista como moda e nem considerada uma forma de prevenção, já que a cirurgia redutora de risco, como o próprio nome diz, não acaba com todas as chances de uma mulher desenvolver a doença somente com a retirada das mamas. Na verdade, mesmo com esse procedimento, a mulher ainda terá chance de quase 10% de, até os 70 anos, poder ter câncer na pele ou tecido que restou.
A notícia ressalta, ainda, que a atriz tinha a probabilidade de 87% de risco de ter câncer por ter uma mutação no gene BRCA1, mas o mastologista explica que todos temos esse gene, embora a mutação seja muito mais frequente na população caucasiana ou descendente de judeus. “Provavelmente, esse é o caso dela. Neste caso, o risco de 87% de ter a doença é até os 70 anos de idade, não quer dizer que ela pode desenvolver agora aos 37 anos. E mesmo que ela desenvolva o tumor, não significa que vá morrer da doença, porque pode ser diagnosticada precocemente e fazer um tratamento conservador ou minimamente invasivo, sem a necessidade de retirar as mamas”, afirma o especialista. Os genes BRCA 1 e 2 são os mais conhecidos, mas existem cerca de 70 tipos de genes que podem sofrer mutações que levam ao desenvolvimento do câncer.
O médico alerta, ainda, que a decisão pela mastectomia redutora de risco é a última
alternativa para combater o câncer de mama e, mesmo assim, inúmeros fatores devem ser levados em consideração para que ela seja feita. Leandro de Vito ressalta que a decisão não pode ser emocional e deve ser tomada em conjunto com uma equipe médica multiprofissional, composta por psicólogo, cirurgião plástico, oncologista, entre outros médicos. Embora seja pouco comum no Brasil, há recomendações para esse tipo de cirurgia. “Para mulheres que têm a mutação no gene, com biópsia prévia de algum tipo de carcinoma incito na mama, forte antecedente familiar, ou seja, caso de câncer na mãe ou em irmã na pré-menopausa, é indicada a mastectomia redutora de risco, considerando-se que esses são fatores de consenso para tal. E desde que seja feita antecipadamente uma abordagem multiprofissional, não basta simplesmente querer”, afirma.