Transmitida principalmente pelo sangue contaminado, a maior parte dos portadores só percebe que está doente após anos da infecção, quando já apresentam caso grave de hepatite crônica
Em 2014, são celebrados os 25 anos da descoberta do vírus da hepatite C, doença que não apresenta sintomas na maioria dos casos. Transmitida principalmente pelo sangue contaminado, a maior parte dos portadores só percebe que está doente após anos da infecção, quando já apresentam um caso grave de hepatite crônica, com risco de cirrose e câncer no fígado.
De acordo com o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, não existe vacina contra a doença e no Brasil há cerca de 3 milhões de pessoas infectadas. “Esse vírus foi isolado em 1989 e nestes últimos 25 anos vivemos uma intensa luta da Ciência contra o vírus e suas consequências. De modo que hoje temos ferramentas muito ágeis e seguras para fazer o diagnóstico dos portadores da hepatite C, bem como assistimos a uma evolução muito rápida em relação à disponibilização de drogas para o tratamento dessa doença. Apesar disso, não estamos utilizando essas ferramentas de forma adequada”, destaca.
O especialista alerta que, embora o Brasil possua medicamentos, formas de tratamento e de diagnóstico bastante efetivos, hoje menos de 10% dos portadores da infecção crônica pelo vírus da hepatite C recebem diagnóstico. “A partir do diagnóstico, temos uma terapia disponibilizada pelo SUS composta por drogas que ajudam o sistema imunológico do portador a expulsar o vírus, aliado a medicamentos que atuam diretamente inibindo a replicação ou multiplicação do vírus”, afirma o médico.
Barbosa ressalta que, atualmente, o atendimento público oferece dois tipos de tratamento contra a hepatite C. Eles são conhecidos como duplo e triplo e promovem a cura geral da ordem de 50% a 70% dos indivíduos. “No caso da hepatite C, há uma cura esterilizante, ou seja, o paciente consegue eliminar o vírus do seu organismo para sempre. Infelizmente, de 30% a 50%, portanto, não conseguem combater o vírus. Para esse tipo de paciente, existe uma grande promessa futura por meio de estudos já finalizados ou em vias de terminar, que vêm trazer drogas que vão permitir essa taxa de cura da ordem de 90%. Alguns desses medicamentos já estão no mercado norte-americano e europeu, com previsão de chegar ao mercado brasileiro nos próximos quatro ou cinco anos”, completa.