Acesso a medicamentos da farmácia popular e acompanhamento médico ainda não se traduzem no controle da asma. É o que revela estudo ProAsma do Centro Infantil do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS. Segundo avaliação, 50% das crianças com asma em idade escolar não têm a doença controlada, o que gera impacto no desenvolvimento. “O controle da asma é essencial para a saúde da criança. Aquelas com asma não controlada dormem mal, não conseguem fazer atividades físicas, perdem dias de aula, apresentam quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima”, explica o pneumologista pediátrico Paulo Pitrez, diretor do Instituto.
O especialista, que estudou a saúde de 2.500 crianças com idade média de 11 anos alerta sobre a importância de observar o histórico de cada paciente. “Recorrer ao atendimento médico para tratar os sintomas no momento da crise é considerado como tratamento correto da doença. Porém, as crises rotineiras devem acender o alerta de que pode se tratar de asma grave, que necessita de tratamento diferenciado”, frisa.
Mais de 60% dos pais admitem esquecer com frequência as medicações de manutenção dos filhos, o que compromete o tratamento e aumenta o risco de novas crises. “A asma é a doença crônica mais comum na infância e, apesar de não ter cura, com o tratamento adequado é possível proporcionar melhor qualidade de vida”, explica.
Segundo a pesquisa, no último ano, quase 70% das crianças perderam dias escolares em decorrência das frequentes crises e das consultas emergenciais; 50% precisaram utilizar corticoide oral, e apenas 30% fazem uso contínuo da medicação de manutenção. É preciso estar atento também para reconhecer a classificação da gravidade da doença e tratá-la de maneira correta. Em alguns casos, o tratamento pode ser reavaliado, incluindo abordagens terapêuticas mais eficazes e específicas, como a anti-IgE – bloqueador de anticorpo que desencadeia a reação alérgica.
Em 55% dos casos, as crianças convivem com fumantes no domicílio. “Aproximadamente 20% das crianças em idade escolar têm asma e quase 10% são hospitalizadas anualmente, o que resulta em um enorme problema de saúde pública, impactando na qualidade de vida e gerando elevados custos diretos e indiretos para a sociedade”, alerta o especialista.