O acesso às informações e a transformação cultural permitem mudanças relacionadas à sexualidade na terceira idade, entre outras modificações de comportamento. E não só através do ato sexual em si, mas como lidar com a proximidade, a satisfação e a sensação do outro. No entanto, de acordo com levantamento da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, a cada ano cresce o número de casos de Aids entre pessoas da terceira idade, principalmente homens. No Brasil, dos 47.437 casos de Aids notificados, desde o início da epidemia, na década de 80, em pessoas acima dos 50 anos, 29.393 (62%) foram registrados de 2001 até junho de 2009. Desse número, 63% são homens. Em 2005, eram 105 casos, somente em Minas Gerais e, um ano depois, o número saltou para 128, 22% a mais.
Para o geriatra Guilherme Rocha Pardi, os principais motivos que levaram a esta mudança de comportamento e de cultura foram a integração da terceira idade na sociedade e o uso de estimulantes sexuais, que têm possibilitado a pessoas numa idade cada vez mais avançada prolongar a sua sexualidade.
“É importante discutir o assunto com o médico, para que fiquem claras as mudanças no comportamento sexual de homens e mulheres acima de 50 anos, assim como a importância dos exames periódicos e da prevenção de doenças sexualmente transmissíveis”, explica o especialista.
Em todo o país, médicos se preocupam com o avanço do vírus HIV, causador da AIDS, em especial na terceira idade, cujo tratamento deve ser diferenciado. “Idosos infectados chegam com autoestima baixa, pois o assunto ainda envolve uma série de tabus, mesmo em família. Além disso, muitos estão debilitados porque, com a idade, as defesas do organismo são reduzidas”, destaca o especialista.
Segundo o geriatra, o problema que tem causado este avanço desmedido é exatamente a falta de campanhas voltadas à população acima dos 50 anos. Para o médico, é importante esclarecer a questão, em especial a necessidade de procurar um médico antes de usar estimulantes, além da prática do sexo seguro. Para isso, é fundamental que a família aceite essa realidade como algo natural, conversando sobre o assunto e derrubando os tabus. “Esse aumento da expectativa de vida aumentou também a sexualidade e trouxe transformações. Mas, as campanhas preventivas ainda não são voltadas para a população idosa, porque ainda há um tabu de que o idoso não tem atividade sexual”, revela Pardi. Segundo o geriatra, uma das orientações necessárias é de que seja qual for a idade, sexo é bom, mas é importante consultar o médico para manter a vida sexual saudável, longe das doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids. (TM)