Criar filhos não é algo fácil, crianças precisam de paciência, disciplina, atenção, tempo, além de pulso firme, para ensinar os pequenos que o mundo se dobrará a eles, ou seja, resiliência. Bombardeados por influências do mundo digital, muitas vezes as crianças deixam de viver experiências reais por causa do mundo eletrônico e essa influência pode se tornar prejudicial.
Ilcea Marques, psicóloga, explica que a nova geração de jovens está se tornando cada vez mais despreparada por causa das facilidades do mundo tecnológico e pela superproteção dos pais. “Nós estamos vendo uma geração de jovens que tem tudo na mão e não tem defesa para a nada. Então, nós vemos uma geração completamente despreparada para qualquer coisa de negativo que aconteça na vida delas”, afirma.
As experiências reais constroem e fortalecem a psique da criança, mostrando que o mundo não se resume ao que é lúdico, no qual os pequenos se baseiam a maior parte do tempo. É dever do adulto preparar e guiá-los através das vivências, para que essas crianças não se tornem adultos frustrados. “Eles (os jovens) só vivem a experiência que o outro está vivendo na tela do computador dele. Não tendo passado por coisas reais eles não têm uma representação mais próxima do mundo na vida interna, no aparelho psíquico. Por isso ele não consegue distinguir aquilo que realmente é um perigo daquilo que não é um perigo”, explica Ilcea.
Segundo a psicóloga, não existe uma fórmula mágica ou receitas milagrosas para ensinar pais a serem pais, ou mães a serem mães. Mas é preciso ter atenção a essas crianças, com o intuito de conhecer os pequenos a ponto de saber distinguir as reações dele ao mundo. “Estejam inteiros com seus filhos. Olhem seus filhos com olhar de realidade, escutem o que eles falam, percebam as reações deles. Não precisa ficar o dia inteiro, mas estejam inteiros. Sem olhar no celular, sem computador, prestando atenção no seu filho”, diz.
Porém, é necessário ter a medida certa. A superproteção, pode fazer um mal extremo, pois cria insegurança e auto dúvida. Ao invés disso, estimular a independência e responsabilidade é um bom caminho que levará a criança ao caminho do sucesso. “Quando você restringe muito a vida do seu filho porque você tem medo dos perigos a criança começa a ter uma autoimagem de que ela é muito frágil, mais frágil do que ela é. Essa criança pensa: 'Minha mãe não acredita que eu dê conta, então, realmente eu não devo dar conta’. Quando você dá responsabilidades gradativas, as crianças vão crescendo com uma visão do que ela realmente é capaz de fazer”, finaliza.