Caracterizada inicialmente por vesículas avermelhadas e bastante doloridas, a doença ganhou o nome popular de cobreiro por acreditar-se que ela surgia por contato com...
Embora não existam estatísticas comprovadas, a evidência clínica dos consultórios mostra que a ocorrência do herpes-zoster, mais conhecido como cobreiro, é grande, especialmente em pessoas acima dos 50 anos. Caracterizada inicialmente por vesículas avermelhadas e bastante doloridas, a doença ganhou o nome popular de cobreiro por acreditar-se que ela surgia por contato com roupas onde uma cobra ou outro animal peçonhento pudesse ter passado. Sempre envolvida com mitos sobre origem e cura, muitas vezes atribuída a benzimentos, a doença ainda é um mistério para a população leiga e se não tratada pode trazer consequências negativas ao portador.
Segundo o neurocirurgião Cláudio Fernandes Corrêa, o herpes-zoster, geralmente confundido com o herpes humano simples, é uma infecção viral provocada pelo mesmo vírus da catapora ou varicela-zoster, que pode permanecer inativo na coluna espinhal e ser reativado depois dos 50 anos de idade, quando há uma queda expressiva da imunidade ou ainda durante tratamentos de quimioterapia, doenças debilitantes ou nos períodos de estresse intenso. “Na maioria dos casos, se manifesta uma única vez e desaparece depois de algumas semanas, porém, cerca de 10% dos acometidos pela doença desenvolvem a neuralgia pós-herpética, dores que afetam as fibras nervosas periféricas e a pele, que podem permanecer por toda a vida”, esclarece.
O especialista explica que entre os principais sintomas estão coceira, formigamento, dor de cabeça, febre e o surgimento de vesículas avermelhadas. Em geral, aparece de um lado só do corpo, nas costas ou no rosto, seguindo de enervação. “O tratamento ideal é o preventivo, por meio de vacinas. Em contato com o vírus da varicela o paciente pode adquirir imunidade, às vezes por toda a vida. Porém, após a manifestação da doença, o tratamento do herpes-zoster é sintomático e as dores que afetam as fibras nervosas e a pele são tratadas com antidepressivos, anticonvulsivantes. Em alguns casos, com cirurgias, com introdução de implante de eletrodos, dependendo da região afetada”, afirma.
Cláudio Corrêa informa que quando o sintoma predominante for queimação e o tratamento medicamentoso não trouxer o alívio da dor, o implante de neuroestimulador encefálico ou medular pode ser a solução. “Excepcionalmente, em casos de dor contínua em queimação, pode-se ainda realizar o implante de bombas de infusão com morfina. A medicina popular, baseada em reza, benzimentos e medicação tópica com ervas visam apenas aliviar os sintomas da doença, não sendo os responsáveis pela cura do herpes-zoster. Assim, a procura por um especialista médico logo nos primeiros sinais da doença, é de extrema importância para evitar as suas complicações”, ressalta o neurocirurgião.