Novo teste detecta intolerância a mais de 200 tipos de alimentos

Guilherme Oliveira revela que o exame utiliza a metodologia Microarray, a mesma usada nos testes de DNA

Estima-se que mais de 20% da população de países industrializados, assim como o Brasil, sofram de intolerância alimentar ou desenvolvam um tipo de alergia a determinados alimentos, segundo o artigo The Differential Diagnosis of Food Intolerance, publicado na revista científica da Associação Médica Alemã. No entanto, mesmo com uma dieta saudável, algumas pessoas podem apresentar reações adversas ao ingerir alguns alimentos. Para facilitar o diagnóstico da doença, a medicina em Uberaba acaba de disponibilizar exame que detecta a possibilidade de intolerância.

Devido à dificuldade de digestão a determinado nutriente, pela ausência das enzimas necessárias, o organismo desencadeia processos inflamatórios causando, por exemplo, azia, aftas, gastrite, diarreia, dores e rigidez nas articulações, dermatites, queda de cabelo, enxaqueca, fadiga, ganho de peso e até depressão. Diferente da alergia que se manifesta imediatamente, a intolerância pode levar dias, meses ou anos para apresentar os sintomas.

O médico patologista clínico Guilherme Ferreira de Oliveira explica que o teste consiste na coleta de sangue comum, sendo necessário estar em jejum de 12 horas. Com a análise da concentração de imunoglobulinas G específicas (IgG), é possível detectar simultaneamente, com apenas uma amostra de sangue, o nível de anticorpo produzido pelo organismo contra até

221 alimentos, como peixes, frutas, grãos, ervas, carnes, nozes, castanhas, vegetais, leite e seus derivados. “O exame utiliza a metodologia Microarray, também empregada pelo setor de Biologia Molecular para estudos do DNA. Vindo dessa tecnologia, o exame é capaz de detectar quantidades muito pequenas de determinadas substâncias presentes no sangue do paciente e que não eram registradas antes”, revela.

Guilherme Oliveira esclarece que o novo exame já disponível em Uberaba acelera o diagnóstico da intolerância alimentar e agiliza o tratamento. “Antes era muito difícil fazer esse diagnóstico através da tentativa e erro, em que o médico ia retirando determinados alimentos da dieta para testar. Esse método poderia levar anos sem atingir um objetivo claro. Agora, se de 221 alimentos o exame consegue isolar cinco, será possível fazer um tratamento mais direcionado, retirando da sua dieta aqueles alimentos que estão causando problemas”, afirma o médico.

Resultado. Atualmente, o tempo médico para a divulgação do resultado varia entre uma e três semanas, mas Oliveira ressalta que, por ser uma tecnologia nova, à medida que o exame se tornar rotina nos consultórios e clínicas, será possível reduzir esse prazo. Além disso, o teste ainda não é coberto pelos planos de saúde, cenário que para o médico também poderá mudar com o tempo, tornando o acesso ao exame mais popular. “Mas vejo esse teste como vantagem e acredito que em médio prazo ele estará disponível na lista dos convênios, porque está de acordo com a visão moderna da medicina, ou seja, ele tem efeito preventivo. Por exemplo, o paciente que tem uma dor e vai fazer vários tratamentos acreditando que o problema está na articulação, ou que sofre de uma enxaqueca crônica, vai fazer tomografias e outros exames voltados para o cérebro, quando poderia evitar isso ao descobrir que pode ter uma intolerância alimentar. Entre algumas das doenças relacionadas à intolerância estão insônia, dor articular, enxaqueca e até depressão”, alerta o médico.