Cerca de dois entre cada dez brasileiros que usam lente de contato têm algum tipo de complicação na córnea, por conta do uso prolongado, que responde por 45% das lesões; por alergia, 35%, e por acondicionamento e limpeza incorreta das lentes, 20%. Segundo especialistas, falta informação.
O problema não é o uso de lentes, e sim a forma e a indicação para cada tipo de necessidade.
Esther Hercos Fatureto, oftalmologista, destaca que avanços na área passaram a oferecer conforto, estética e usabilidade às pessoas que necessitam corrigir alguma imperfeição da visão. Ela explica que, atualmente, existem lentes que servem para quem tem necessidade de enxergar de perto e de longe e lentes que corrigem um olho para longe e outro para perto. São as chamadas lentes multifocais.
A especialista destaca, no entanto, que é preciso ter alguns cuidados básicos, como manter o uso dos óculos. "Há pessoas que possuem apenas lentes e não têm óculos, o que é um risco", revela Esther. Segundo ela, quando o defeito pode ser corrigido pelas lentes, é positivo, mas é fundamental ter cautela e evitar o uso contínuo. "Nunca deve ser por todo o dia. Se colocadas por longo período, será uma agressão aos olhos, pois eles deixarão de receber oxigenação. O próprio conservante das lentes pode provocar úlcera de córnea ou alergias. O uso de lentes não é algo simples, precisa ser controlado", alerta.
A durabilidade também é outra questão fundamental, principalmente em respeito à validade das lentes. Quando usar modelos descartáveis, é importante trocá-las em um mês, e as não descartáveis podem durar em média um ano, dependendo de fatores como oleosidade da pele, higiene e qualidade do material. "Usar por pouco tempo ajuda a aumentar a resistência", afirma.
Isso porque para evitar ferimentos é necessário analisar curvatura e relevo da córnea, fazer exames de refração e fundo de olho, além de utilizar lentes para teste. Isso significa que nem toda pessoa tem indicação oftalmológica para usar lente de contato, já que em alguns casos não é possível adaptar as lentes. Exemplo disso são as pessoas que têm baixa produção lacrimal ou doenças alérgicas. "Existem lentes que foram feitas para suportar que a pessoa durma com elas, mas não é recomendável. Isso aumenta em até dez vezes a chance de contrair contaminação por bactérias, que podem levar a úlceras corneanas e, consequentemente, à cegueira", esclarece a oftalmologista.