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Mastologista Renato Abrão explica que, por não ser rotineiro examinar as mamas masculinas, é preciso que o próprio homem esteja atento a sinais de alerta para o câncer de mama
Apesar de 99% dos casos de câncer de mama acometerem mulheres, aquele 1% que atinge a população masculina leva mais pacientes à morte. Isso porque os homens, além de terem mamas menores, o que facilita que o tumor se espalhe mais rapidamente, não têm o mesmo nível de conscientização sobre o assunto. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam para a estimativa de 189 mortes de homens por câncer de mama em 2020 – para as mulheres o número chega a 17.572. Segundo o mastologista Renato Abrão, exatamente por seu caráter raro, o rastreamento do câncer de mama não é comumente feito nos homens.
“Justamente por ser mais raro, não existe rastreamento de câncer de mama masculino, ou seja, não fazemos mamografia de rotina em homens, a não ser que cheguem ao médico com alguma queixa nas mamas. Portanto, o mais importante é que cada homem preste atenção nas suas mamas. Os principais sinais sã caroço duro e irregular atrás do mamilo, inchaço próximo ao mamilo e secreção pelo mamilo (essa secreção geralmente é a saída de sangue pelo bico do peito)”, orienta o mastologista.
Renato Abrão explica que o câncer de mama atinge normalmente homens acima dos 60 anos, sobretudo aqueles com o chamado fator genético, ou seja, cujas famílias apresentam muitos casos de câncer de mama (mesmo que em mulheres) e câncer de ovário. “Mas nunca podemos nos esquecer que a causa mais comum e frequente de aumento do volume de mama masculina é a ginecomastia (patologia benigna e que não aumenta o risco de câncer de mama)”, tranquiliza o mastologista.
Uma vez detectada a neoplasia, o paciente é submetido a cirurgia para retirada total da mama associada à cirurgia axilar, que consiste na retirada de um gânglio – linfonodo sentinela – ou de vários gânglios da axila. Ao contrário das mulheres, os homens dificilmente poderão ter parte da mama preservada, uma vez que ela é bem menor e os nódulos são atrás do mamilo. “Os outros tratamentos adjuvantes podem ser necessários, como nas mulheres: quimioterapia, radioterapia, bloqueio dos hormônios. Tudo vai depender do tamanho do tumor e de suas características biológicas”, finaliza Renato Abrão.