SAÚDE

Parto humanizado requer métodos que vão além da anestesia no SUS

Evidências científicas mostram que mulheres acompanhadas por doulas se sentem mais seguras e confiantes durante o trabalho de parto e solicitam menos anestesia

Thassiana Macedo
Publicado em 24/10/2013 às 00:57Atualizado em 19/12/2022 às 10:31
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O Brasil é o país onde a taxa de cesarianas é a mais alta do mundo. Para se ter ideia, o número de cirurgias aumentou de 37,8% para 52,3% entre 2000 e 2010. Porém, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que essa taxa seja de no máximo 15%, tanto na rede pública quanto na rede privada. Atualmente, vêm surgindo movimentos por todo o país para incentivar a realização do parto humanizado, com a utilização da anestesia e mesmo a possibilidade da presença de um acompanhante ou doula, pessoa que auxilia na hora do parto normal pelo SUS. Nos Estados Unidos, que têm um modelo de atenção semelhante ao do Brasil, eram 33% de cesáreas e, agora, o índice chega a 31%.

De acordo com a obstetra, Cláudia Garcia Magalhães, é fundamental que todo o serviço que presta atenção ao parto possua um anestesista sempre à disposição para o atendimento. “Isso não significa que toda a mulher em trabalho de parto deve ser anestesiada. Quando se fala em humanização, é importante lembrar que existem muitos métodos de alívio da dor, que não necessariamente seja farmacológico. Na verdade, eles devem ser usados antes da anestesia. Ela serve somente nos casos em que não houver alívio. Humanizar o atendimento não significa anestesiar todo mundo, mas disponibilizar a anestesia para aquelas mulheres que querem e para aquelas que precisam durante o parto”, alerta.

Além disso, a obstetra ressalta que é importante lembrar que humanizar o parto é dar atenção a uma série de alterações na prática obstétrica e que vai muito além de simplesmente aplicar uma anestesia. “Existem mudanças de ambiente, da postura profissional e em relação às condutas e tudo isso já é previsto na Resolução nº 36, publicada pela Anvisa desde 2008, que institui as ações para a promoção da segurança do paciente e a melhoria da qualidade nos serviços de saúde”, afirma.

Cláudia Garcia destaca que alguns métodos para o alívio da dor podem contribuir para a realização de um parto humanizado. Para ela, é fundamental que toda a política pública tenha interesse em fazer com que os serviços de saúde aceitem a presença das doulas. “São mulheres treinadas para ajudar outras mulheres durante o trabalho de parto e oferecer métodos de alívio. Já existem evidências científicas suficientes de que mulheres acompanhadas por doulas se sentem mais seguras e confiantes durante o trabalho de parto e solicitam menos anestesia. Em relação aos métodos, sabemos que o uso da água quente no banho durante o trabalho de parto ajuda a aliviar a dor, como também massagens, acupuntura, entre outros. Ou seja, existe uma série de métodos que não necessariamente a injeção de remédios. Outra coisa importante é permitir que a mulher escolha uma posição que lhe seja mais confortável. Tem mulheres que preferem estar deitadas, sentadas ou de cócoras, e o ambiente tem de ser propício para que a mulher consiga se movimentar e se sentir confortável”, completa.

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