Estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) mostra de que forma os transtornos mentais podem estar ligados a pressões impostas no ambiente de trabalho. Esta é a terceira razão de afastamento de trabalhadores pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O médico do Trabalho João Silvestre da Silva-Júnior destaca que é importante a ocorrência de afastamentos por causas ligadas ao comportamento e a distúrbios psicológicos.
Para ele, a violência no trabalho ocorre pela humilhação, perseguição, além de agressões físicas e verbais e lista quatro razões principais que prejudicam a saúde mental no ambiente corporativo. A primeira é a alta demanda de trabalho. “As pessoas têm baixo controle sob o seu ritmo de trabalho; elas são solicitadas a várias e complexas tarefas”, revela. Outro aspecto são os relacionamentos interpessoais ruins, tanto com os chefes quanto entre os próprios colegas. A terceira razão é o desequilíbrio entre esforço e recompensa. “Você se dedica ao trabalho, mas não tem uma recompensa adequada à dedicação. E não apenas em dinheiro, às vezes basta um reconhecimento, um elogio ao desempenho”, explica Silvestre. A última é a dedicação excessiva ao trabalho, que afeta a saúde mental.
Entre as pessoas que pediram auxílio doença nos últimos quatro anos, a média de 10% apresentavam algum tipo de transtorno mental. Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social de 2011, mais de 211 mil pessoas foram afastadas em razão de transtornos mentais, gerando gasto de
R$ 213 milhões em pagamentos de benefícios. “Quando se entende o que gera os afastamentos, é possível estabelecer medidas para evitar os gastos”, frisa. As doenças mentais só perderam para afastamentos por acidentes ou doenças ortopédicas. A pesquisa aponta que o problema atinge mais mulheres e com alta escolaridade, ou seja, com mais de
11 anos de estudo.
Para melhorar o clima no trabalho e prevenir doenças, Silvestre recomenda que os profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho tenham consciência sobre onde estão os fatores de risco. Ele sugere também uma melhora da fiscalização por parte dos ministérios do Trabalho e da Saúde. (TM)