Em Uberaba, entre 1999 e 2012, o município registrou 1.019 resultados positivos de HIV, sendo 423 entre mulheres e 77 entre gestantes, ou seja, 49% dos casos
Quase 40% das mulheres entre 14 e 25 anos de idade não usam ou quase nunca usam camisinha em suas relações sexuais. Entre os homens de mesma idade, um em cada três declarou não usar o contraceptivo ou usá-lo pouco. Os números foram divulgados no 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pela Universidade Federal de São Paulo, que analisou o comportamento de 1.742 pessoas com idade entre 14 e 25 anos.
O levantamento apontou que quase um terço das mulheres com idade entre 14 e 20 anos engravidou pelo menos uma vez. O índice de aborto neste grupo etário, seja ele provocado ou natural, alcançou 12%, ou seja, uma em cada dez mulheres entre 14 e 20 anos abortou. Entre os homens menores de 20 anos, cerca de 2% declararam ser pai. De acordo com Clarice Madruga, uma das coordenadoras do levantamento, este é um problema de saúde pública que não está sendo discutido. Segundo ela, a pesquisa demonstra que a juventude assume muitos comportamentos de risco. “Sabemos que a juventude é um período de maior vulnerabilidade e o cérebro não está completamente formado, então, as pessoas se expõem mais e têm menos controle de impulso”, afirma.
Conforme informações do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) em Uberaba, de 1999 a 2012, o município registrou 1.019 resultados positivos de HIV, sendo 423 entre mulheres e 77 entre gestantes, ou seja, 49% do total de casos.
Para o infectologista Alexandre Naime Barbosa, a base para a quebra da cadeia de transmissão de todas as doenças sexualmente transmissíveis ainda é o uso do preservativo, o que vale para qualquer doença. “As pessoas se preocupam em usar a camisinha quando são realizadas as campanhas no carnaval e em outras festas. É necessário conscientizar que o preservativo deve ser usado em todas as relações, não importa o período do ano. Sabemos que, infelizmente, não existe cura para a infecção pelo vírus HIV/Aids, então toda a sociedade precisa estar ciente e ser constantemente reciclada sobre as novas informações. Por enquanto, a prevenção, principalmente o uso do preservativo, ainda é a medida mais eficaz contra a infecção”, orienta.
As hepatites virais atingem cerca de 500 milhões de pessoas no mundo, e a falta de um diagnóstico precoce da doença pode levar à cirrose a ao câncer de fígado. O médico explica que uma das formas de transmissão do vírus da hepatite B é através das relações sexuais. “Portanto, todas as pessoas que tiveram relações sexuais sem o uso de preservativo devem, pelo menos uma vez na vida, fazer o teste para hepatite B, assim como para outras doenças, entre as quais HIV e sífilis. A partir de 2001 e 2002, a população começou a ser vacinada contra a doença e a cobertura é muito interessante. Mesmo assim, é bom fazer o teste”, completa o infectologista.