SAÚDE

Por que não se deve rejeitar vacinas contra a Covid-19?

Rafaella Massa
Publicado em 05/07/2021 às 14:45Atualizado em 18/12/2022 às 15:09
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Foto/Divulgação

Segundo o infectologista Guilherme Henrique Machado, todas as vacinas têm efeito colateral, em maior ou menor grau

A vacinação contra a Covid-19 vem ocorrendo de forma muito positiva pelo país, inclusive em Uberaba, que tem avançado consideravelmente na imunização por idade. Inclusive, a cidade bateu a marca de 50% da população adulta já imunizada com a primeira dose ainda no fim de junho. Porém, o comportamento de algumas pessoas pode atrasar o bom andamento da aplicação de doses. Essa parcela da população até ganhou bem-humorado apelid “sommeliers de vacina”. Mas vale lembrar que a imunização é a única forma de vencermos a pandemia, como já reiterado por especialistas em todo o mundo.

Apesar do habitual bom-humor brasileiro para lidar com situações adversas, é importante ressaltar a seriedade do assunto. O momento em que vivemos, com mortes se acumulando e atingindo tantas famílias brasileiras, não abre espaço para seletividade. A vacinação em Uberaba é coordenada pela médica Ana Vera Abdanur, que explicou ao Jornal da Manhã que, apesar de não haver histórico de recusa pela vacina por causa da marca, é fato que alguns indivíduos procuram se vacinar em lugares onde uma ou outra está sendo disponibilizada à aplicação.

“Nós costumamos dividir por grupos prioritários justamente por conta disso. Na hora que recebemos a vacina, ela vem já taxada em quem eu posso usá-la e é sempre critério de variedade. O mesmo grupo recebe variedade de doses”, afirma Ana Vera.

É preciso enfatizar, no entanto, que a imunização acontece de maneira homogênea e a equipe depende muito da quantidade de imunizantes que chega. Só poderão “escolher” a marca da vacina pessoas com laudos médicos que direcionem a equipe a uma opção exclusiva. “Via de regra é a que tem. Vacina boa é a que tem. Todas são autorizadas pela Anvisa, todas têm estudo de eficácia, cada uma com a sua particularidade, cada uma com sua tecnologia. O importante é que todos estejam imunizados, para nós enfraquecermos esse vírus e podermos voltar à vida normal”, explica.

Mas por que existe essa preferência? A predileção por marcas de vacinas começou após diversos relatos de efeitos colaterais de pessoas que foram imunizadas com a AstraZeneca, que registraram febre, dor no corpo, enjoos, entre outros sintomas. E, apesar de diversos especialistas informarem que os efeitos colaterais são comuns e até um bom sinal, o medo já havia sido plantado.

“Eu preferiria tomar a vacina da Pfizer, porque dizem que é a que tem menos efeitos colaterais. Meu colega de trabalho tomou a AstraZeneca e teve calafrios e febre, então prefiro tomar a da Pfizer mesmo. Se não, eu espero”, relata L.B., que preferiu não se identificar.

Segundo o infectologista Guilherme Henrique Machado, é preciso compreender que todas as vacinas, não só contra a Covid-19, têm efeito colateral. “Mesmo que minimamente, com maior ou menor frequência. Mas o mais importante referente às vacinas da Covid é que os efeitos colaterais considerados graves correspondem a uma minoria de casos, assim como qualquer outra vacina que nós utilizamos dentro do calendário vacinal”, afirma.

Guilherme ainda explica que cada vacina tem eficácia variável, de acordo com cada marca, mas reforça que todas têm eficácia comprovada, de acordo com os parâmetros aceitos pela Organização Mundial da Saúde e outras instituições competentes, como a Anvisa. “As vacinas que são comercializadas hoje são as mais eficazes possíveis dentro do contexto que nós estamos vivendo. E, em Uberaba, nós estamos vivendo um declínio de casos graças à vacinação. Não tem outra saída que não a vacinação. A imunização é a única saída para as coisas voltarem ao normal e é uma boa saída, não restam dúvidas”, explica Guilherme.

O infectologista ainda reforça que o principal objetivo da vacina é evitar a necessidade de internação, principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), mas que não vai se aplicar a todos os casos. Afinal, não existe 100% de eficácia, mas já é observado um declínio significativo nas taxas de internação de pacientes que foram imunizados, independente da marca da vacina.

Como funciona o processo de imunização de cada vacina disponível no Brasil?

Foto/Divulgação

No Brasil, somente a vacina da Janssen é de dose única, o que a fez ser a mais desejada entre todas; contudo, sua aplicação, por enquanto, está restrita à população em situação de rua

- Coronavac (Sinovac Biotech)

Utiliza uma tecnologia molecular já muito utilizada em outros imunizantes. A vacina é composta por um vírus inativado, popularmente conhecido como “vírus morto”. As partes do novo coronavírus presentes na vacina são apenas aquelas que permitem o reconhecimento do vírus pelo nosso sistema imune e não pela parte responsável por causar a doença. Assim que a vacina for aplicada, células de defesa do nosso organismo encontram e respondem a essas partes do coronavírus, dando início à produção de anticorpos. No entanto, esse processo demanda um certo tempo até que o organismo fique protegido contra o coronavírus. Ela também precisa de uma dose de reforço, com intervalo entre 2 a 4 semanas entre as aplicações, que ajusta a quantidade de anticorpos necessária para uma resposta eficiente contra uma possível infecção contra o coronavírus.

- AstraZeneca/Oxford

Utiliza uma tecnologia que consiste na utilização de um vírus modificado para estimular o sistema imunológico na produção de anticorpos contra o novo coronavírus. Na fabricação da vacina, um adenovírus enfraquecido, conhecido por causar gripe comum em chimpanzés, após ser modificado para não se multiplicar, carrega parte do material genético do SARS-CoV-2, responsável pela produção de uma proteína que auxilia o vírus da COVID-19 a invadir as células humanas. Assim, após a vacinação, o adenovírus começa a produzir essa proteína, ensinando o sistema imunológico humano que toda partícula com essa proteína deve ser destruída. Assim, após as duas doses necessárias para a imunização, o sistema imune do nosso organismo torna-se capaz de reconhecer e atacar rapidamente o coronavírus, caso seja infectado.

- Pfizer (BioNTech)

A vacina usa um RNA mensageiro sintético, que auxilia o organismo do indivíduo a gerar anticorpos contra o vírus. Apenas um pedaço de material genético é usado em vez de todo o vírus. A ideia é que o mRNA sintético dê as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do vírus. Uma vez produzidas no organismo, essas proteínas (ou antígenos) estimulam a resposta do sistema imune resultando, assim, potencialmente em proteção para o indivíduo que recebeu a vacina.

- Janssen (Johnson & Johnson)

Utiliza uma tecnologia parecida com a da AstraZeneca, que consiste na utilização de um vírus modificado para estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos contra o novo coronavírus. Durante o processo de fabricação da vacina, uma espécie de vírus "enfraquecido", após ser modificado para não se multiplicar, carrega parte do material genético do SARS-CoV-2, responsável pela produção de uma proteína que auxilia o vírus da COVID-19 a invadir as células humanas. Assim, após a vacinação, o adenovírus começa a produzir essa proteína, ensinando o sistema imunológico humano que toda partícula com essa proteína deve ser destruída. Assim, após a imunização adequada, que é somente uma dose, o sistema imunológico torna-se capaz de reconhecer e atacar rapidamente o coronavírus, caso seja infectado.

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