Entre 30% e 50% dos brasileiros portadores de transtorno bipolar tentam suicídio. Essa é a estimativa sustentada pela Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB). De acordo com a entidade, 20% dos que tentam se matar conseguem o objetivo. “De todas as doenças e de todos os transtornos, o bipolar é o que mais causa suicídios”, alerta a presidente da ABTB, Ângela Scippa.
Segundo a psiquiatra Maria das Graças de Oliveira, há um risco real de suicídio, principalmente nos estados mistos, em que a mistura dos sintomas de depressão com os de exaltação do humor torna a situação mais crítica. “É importante dizer que um dos maiores inimigos do paciente é o preconceito”, ressalta a médica. Ela acrescenta que não é raro verificar pessoas que sofrem com o transtorno evitar o tratamento porque têm preconceito contra o acompanhamento psiquiátrico e os medicamentos de controle da doença. “Essas pessoas precisam saber que vão viver muito melhor se fizerem o tratamento”, destaca.
A tendência do paciente com transtorno bipolar sem tratamento é ter crises cada vez mais intensas e com intervalos menores. Além disso, o humor patologicamente alterado refletirá na instabilidade de comportamento, o que se manifesta na vida profissional, social, familiar e acadêmica.
O controle do transtorno bipolar é feito com estabilizadores de humor e complementado com terapia comportamental. Segundo Ângela Scippa, quando a pessoa inicia o tratamento, fica mais atenta ao seu próprio comportamento e aprende a controlar os sintomas. “Não existe a cura, mas existe o controle. Com o tratamento à base de medicamentos, o paciente não desenvolve mais os sintomas e assim pode ter uma vida tranquila e controlada”, completa.