Secretaria Nacional Antidrogas mostrou que 12% da população entre 12 e 65 anos é dependente de álcool e mais de um milhão de brasileiros são dependentes de crack
Especialistas acreditam que mais de um milhão de brasileiros são dependentes de crack. Último levantamento feito pela Secretaria Nacional Antidrogas mostrou que 12% da população entre 12 e 65 anos são dependentes de álcool.
E se considerarmos, no entanto, que há problemas muito mais comuns, como obesidade, tabagismo, vício em jogos de azar, depressão, transtorno do pânico e de ansiedade, cujo tratamento ainda é pouco efetivo pelo SUS, justamente porque faltam políticas de saúde que tratem a causa dessas doenças de forma global, esses números podem ser ainda mais assustadores.
Para o psicólogo Ricardo Aparecido dos Santos, presidente do Conselho Municipal Antidrogas, dependência química não tem cura, tem controle. O Brasil, porém, é carente de serviços que atendam com eficiência o usuário. Por isso, ele defende e propõe nova proposta de clínica que ofereça atendimento multidisciplinar, com médico, enfermeiro, psicólogo, fisioterapeuta, professor de educação física, terapeuta ocupacional e assistente social, por exemplo, com o respaldo de acolhida e conhecimento humano para aumentar a adesão à terapia.
O especialista esclarece que a dependência é um problema com o qual poucas pessoas sabem lidar. Hoje, a população acredita que a internação do dependente químico é a solução. “Mas, como ficar em um lugar 24 horas sem ter o que fazer? Atividades e oficinas terapêuticas fazem parte do tratamento, seja da dependência ou de transtornos mentais, pois atuam na reabilitação das pessoas. Isso gera segurança e a pessoa fica na clínica por sentir que faz parte de um processo de controle em que ela pode opinar e discutir questões que precisam ser melhoradas no próprio método do tratamento, para que o indivíduo se motive no processo e não esteja em um manicômio”, destaca.
O psicólogo Ricardo dos Santos revela que, hoje em Uberaba, muitas pessoas vão buscar tratamento fora ou enviam familiares para o estado de São Paulo, com o objetivo de evitar que os outros tomem conhecimento. O especialista alerta, porém, que enquanto a família não perceber e assumir que a doença da dependência química existe e que ela própria sofre do mal de codependência afetiva, não haverá eficácia em qualquer tentativa de tratamento ou reabilitação.
“É essa consciência que tentamos oferecer ao programa de tratamento que estamos desenvolvendo agora, em que é obrigatória a participação da família do dependente. Só assumimos os casos em que as famílias se comprometem a mudar, porque se não vamos perpetuar essa demanda manicomial, seremos depositantes da loucura dessas famílias e a causa do problema nunca será tratada”, completa o psicólogo Ricardo dos Santos.