A mama feita artesanalmente ajuda mulheres que passaram pela mastectomia a recuperar a autoestima na luta contra o câncer
Cecília Vendramini diz que a prótese artesanal tem o formato da mama
e é feita nos tamanhos 38 ao 58
A retirada de mama em caso de câncer, em cirurgia realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), deverá ser seguida por operação plástica de reconstrução se as condições técnicas forem favoráveis. É o que estabelece projeto de Lei aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), no Senado Federal. Quando a colocação imediata da prótese não for possível no momento da mastectomia (retirada parcial ou total da mama), a cirurgia reparadora deverá ser feita assim que a paciente alcançar a condição clínica necessária. Para esses casos, casas assistenciais buscam alternativas para ajudar pacientes na reativação da autoestima feminina. É o caso da Casa de Apoio Danielle, que acolhe acompanhantes e pacientes em tratamento contra o câncer em Uberaba.
De acordo com a atual presidente da Casa, Cecília Vendramini de Morais, a prótese artesanal foi trazida há 13 anos, de São Paulo, para ajudar também mulheres de Uberaba e região. “A Terezinha, fundadora da Casa de Apoio Danielle, viu as próteses artesanais e decidiu trazer para Uberaba. Ela procurou para comprar, mas não achou. Aí surgiu a ideia de confeccionarmos”, conta.
O que o grupo da Casa de Apoio não sabia é que o gesto ajudaria mulheres a enfrentar a luta contra o câncer com mais dignidade e força de vontade. Cecília Vendramini explica que a prótese externa tem o formato da mama feminina e é encontrada em vários tamanhos, do 38 ao 58, ou pode ser encomendada. “Ela é confeccionada com bolinhas, que chamamos de silicone, mas na verdade é de plástico, do mesmo material que são feitas as sacolas descartáveis. Com um molde é feita uma malha revestida por dentro por uma manta acrílica. Colocamos as bolinhas dentro e isso dá um aspecto mais natural de mama. Nós disponibilizamos para a venda e doamos para quem não pode pagar”, explica.
O material utilizado na confecção foi escolhido a dedo para que as mulheres pudessem higienizar.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente da doença no mundo e o mais comum entre as mulheres, correspondendo a 22% dos casos novos a cada ano.
Pesquisadores do Instituto Internacional de Pesquisa da Prevenção, em Lyon, na França, anunciaram que a ocorrência de câncer de mama tem subido 3,1% por ano. No entanto, se diagnosticado precocemente e tratado da maneira correta, as chances de cura são de cerca de 90%.